Impacto da Terapia de Estimulação Visual na Abordagem do Défice Visual Cerebral em Crianças com Paralisia Cerebral

Autores

  • Inês Figueiredo Department of Ophthalmology, Coimbra University Hospital Centre (CHUC), Coimbra, Portugal http://orcid.org/0000-0002-6037-2768
  • Andreia Ramos Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal
  • Marisa Carmo Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal
  • Inês Martins Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal
  • Luís Almeida Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal
  • Catarina Silva Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal
  • Joaquim Murta Department of Ophthalmology, Coimbra University Hospital Centre (CHUC), Coimbra, Portugal; Faculty of Medicine, University of Coimbra (FMUC), Coimbra, Portugal
  • Catarina Paiva Department of Ophthalmology, Coimbra University Hospital Centre (CHUC), Coimbra, Portugal; Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.33245

Palavras-chave:

Paralisia Cerebral, Baixa Visão, Estimulação Visual, Distúrbios da Visão

Resumo

INTRODUÇÃO: O défice visual cerebral (DVC) é uma causa subdiagnosticada de disfunção visual em crianças com paralisia cerebral (PC) para a qual não existe uma terapia cientificamente aprovada. O nosso objetivo foi apresentar a nossa experiência na abordagem do DVC em crianças com PC submetidas a terapia de estimulação visual (TEV).
MÉTODOS: Um grupo de crianças com PC grave e DVC foi submetido a um programa de TEV entre fevereiro de 2022 e setembro de 2023. A mediana do número de sessões foi de 1 por semana, durante uma média de 12 meses. A escala Visual Assessment Scale - Cerebral Visual Impairment in persons with Profound Intellectual and Multiple Disabilities (VAS CVI-PIMD) foi utilizada para a avaliação padronizada de dois parâmetros: 1) nível de função visual (NFV) e 2) número de características do DVC. As avaliações foram realizadas pela mesma equipa multidisciplinar, constituída por terapeutas ocupacionais e um oftalmologista. A VAS CVI-PIMD foi re-aplicada após o período de intervenção para averiguar o efeito da TEV no NFV, número de características e gravidade do DVC. Também foi aplicado um questionário aos cuidadores. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para mostras emparelhadas para comparar os scores pré-TEV com os scores pós-TEV. Valores p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
RESULTADOS: Foram selecionadas oito crianças com PC e DVC grave (idades entre os 1 e 14 anos). O NFV médio inicial foi de 3, correspondendo a um sistema de atenção exógeno. Após o programa de TEV, 7 das 8 crianças melhoraram em pelo menos um nível alcançando um NFV médio de 4, que corresponde a uma perceção básica e sistema de atenção visual ativa (p=0,014). A mediana do número de características do DVC diminuiu de 9 para um valor de 6 após a intervenção (p=0,013). O questionário dos pais demonstrou uma perceção de melhoria na coordenação olho-mão e no funcionamento social na vida quotidiana.
CONCLUSÃO: Na coorte apresentada, o treino de visão com estímulos apropriados a cada etapa do desenvolvimento visual permitiu ganhos objetiváveis no desempenho visual dos pacientes com DVC. A TEV deverá fazer parte do programa de reabilitação a par das restantes terapias.

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Publicado

2024-09-28

Como Citar

Figueiredo, I., Ramos, A. ., Carmo, M. ., Martins, I. ., Almeida, L. ., Silva, C., Murta, J. ., & Paiva, C. . (2024). Impacto da Terapia de Estimulação Visual na Abordagem do Défice Visual Cerebral em Crianças com Paralisia Cerebral. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 48(3), 172–181. https://doi.org/10.48560/rspo.33245

Edição

Secção

Artigos Originais