Avaliação de Três Scores de Trauma Ocular como Modelos Prognósticos numa Coorte de Crianças Portuguesas
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.33247Palavras-chave:
Criança; Índices de Gravidade do Trauma, Lesões Oculares/diagnóstico, Lesões Oculares Penetrantes/diagnóstico, PrognósticoResumo
INTRODUÇÃO: O nosso objetivo foi comparar o Ocular Trauma Score (OTS), Pediatric Ocular Trauma Score (POTS) e Modified Pediatric Ocular Trauma Score (MPOTS) como modelos de prognóstico visual após trauma com globo aberto, em crianças.MÉTODOS: Estudo retrospetivo, observacional, em crianças com trauma ocular com necessidade de cirurgia que se apresentaram no serviço de oftalmologia de um hospital terciário entre Agosto de 2008 e Dezembro de 2022. Critérios de exclusão: antecedentes de doenças oculares que afetassem a acuidade visual (AV), seguimento < 6 meses e ausência de registo da AV aos 6 meses. Foram colhidos dados demográficos, mecanismo e objeto responsável pela lesão, cirurgia ocular efetuada e AV em logMAR à apresentação e aos 6 meses, 1 ano e 2 anos de seguimento. O OTS, o POTS e o MPOTS foram calculados. Foi ainda efetuada uma pesquisa de possíveis preditores da AV final.
RESULTADOS: Foram incluídos 28 olhos de 27 pacientes (44,4% feminino, 55,6% masculino) com uma idade mediana de 9 anos (3 meses - 17 anos). Verificou-se um mau prognóstico visual (AV final em logMAR ≥ 1) em 9 pacientes (32,1%). Apenas 3 casos tinham registos completos para determinar o OTS, pelo que a respetiva avaliação prognóstica não foi efetuada. A correlação entre o POTS (n=22) e a AV final foi significativa (valor-p 0,049), enquanto a correlação entre o MPOTS (n=22) e a AV final não foi (valor-p 0,543). Não houve concordância entre o POTS e o MPOTS na previsão de mau prognóstico visual (valor-p 0,134). A localização da ferida (valor-p 0,027), descolamento da retina (valor-p <0,001) e atraso na cirurgia >48 horas (valor-p 0,014) correlacionaram-se com a AV final. O descolamento da retina correlacionou-se com mau prognóstico visual (valor-p 0,026).
CONCLUSÃO: O POTS poderá ser útil na previsão da AV após trama ocular penetrante em crianças, enquanto o benefício do MPOTS não foi confirmado. O OTS poderá ser menos prático na avaliação de crianças, dada a dificuldade na obtenção de AV iniciais após trauma ocular major. A localização da ferida, descolamento da retina e atraso na cirurgia (>48 horas) podem ser bons preditores de mau prognóstico visual após trauma com globo aberto, em crianças.
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