Perfil Clínico e Resultados dos Doentes com Endoftalmite Submetidos a Vitrectomia Via Pars Plana: Estudo Retrospetivo de Dez Anos
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.33271Palavras-chave:
Endoftalmite, Resultado do Tratamento, VitrectomiaResumo
INTRODUÇÃO: A endoftalmite é uma emergência ameaçadora da visão e requer diagnóstico e tratamento imediatos. Nos últimos anos, o papel da vitrectomia precoce nos casos de endoftalmite tem sido reconsiderado. Este estudo tem como objetivo descrever o perfil clínico e resultados nos doentes com endoftalmite submetidos a vitrectomia via pars plana (VVPP) e avaliar os efeitos da VVPP precoce.MÉTODOS: Estudo retrospetivo de 13 olhos de 13 doentes com diagnóstico clínico de endoftalmite tratados com VVPP no Hospital Pedro Hispano, Portugal, entre setembro de 2013 e agosto de 2023. Os dados demográficos e clínicos foram recolhidos dos processos dos doentes.
RESULTADOS: A idade média dos doentes era de 69,0 ± 2,5 anos e 8 (61,5%) eram do sexo masculino. Foram observados 2 casos (15,4%) de endoftalmite endógena no contexto de endocardite infeciosa. Onze (84,6%) casos de endoftalmite exógena foram registados: 5 (38,5%) após injeção intravítrea, 2 (15,4%) após cirurgia de catarata, 2 (15,4%) relacionados com complicações tardias de cirurgia de glaucoma, 1 (7,7%) após faco-vitrectomia e 1 (7,7%) após trauma ocular penetrante. A maioria dos doentes apresentava uma acuidade visual (AV) inicial de movimentos de mão (58,3%). A VVPP foi realizada em média 3,9 ± 1,2 dias após a admissão. A AV final melhorou na maioria dos doentes (66,7%), com 38,5% a atingir uma AV final ≥20/40, 23,0% entre 20/200-20/50 e 38,5% ≤20/400. Os doentes submetidos a VVPP precoce nas primeiras 48 horas após a admissão (N=7) apresentaram uma tendência para um resultado visual final mais favorável comparativamente aos doentes submetidos a VVPP>48 horas (100% vs 33,3% apresentaram melhoria da AV, e 42,9% vs 33,3% atingiu uma AV final ≥20/40, respetivamente).
CONCLUSÃO: A causa mais comum de endoftalmite nos nossos doentes foi pós-cirurgia oftalmológica, o que reforça a importância das técnicas de assepsia e educação dos doentes para os sinais de alarme. A vitrectomia melhora a AV em alguns casos de endoftalmite, e a vitrectomia precoce pode proporcionar resultados mais favoráveis.
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