Perspetiva do Burden pelos Doentes a Realizar Injeções Intravítreas: Estudo Baseado no QUALITII num Centro em Portugal

Autores

  • João Romano Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal https://orcid.org/0000-0001-7964-982X
  • António Campos Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal https://orcid.org/0000-0003-0490-5889
  • Nuno Oliveira Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal
  • Sara Silva Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal
  • Rita Tomás Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal
  • João P. Sousa Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal; Health Sciences Research Centre in Biomedicine, Faculty of Health Sciences, University of Beira Interior, Covilhã, Portugal https://orcid.org/0000-0002-0025-1841

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.33273

Palavras-chave:

Adesão ao Tratamento, Gestão de Cuidados ao Doente, Injeções Intravítreas, Satisfação do Doente

Resumo

INTRODUÇÃO: As injeções intravítreas (IVIs) revolucionaram a oftalmologia com inúmeros doentes a realizar um tratamento contínuo para patologias retinianas. A adesão dos doentes, influenciada pelos desafios e experiências no tratamento, é fundamental. Compreender as fontes do burden é decisivo para aperfeiçoar estes tratamentos. Este estudo utilizou o Questionário para Avaliar o Impacto na Vida do Doente sob Tratamento com IVIs (QUALITII) para avaliar os fatores responsáveis pelo burden.
MÉTODOS: O questionário validado QUALITII foi traduzido e adaptado para português. Posteriormente, foi distribuído aos doentes a realizar IVIs no Centro Hospital de Leiria em Portugal. O score do burden do tratamento (TBS) foi calculado.
RESULTADOS: Os 168 doentes do nosso trabalho tinham, em média, 75,9 ± 1,1 anos e recebiam IVIs há 3,0 ± 0,2 anos, mais frequentemente a cada 4/5 semanas. O TBS teve uma média de 24,8 ± 0,9 (n=123, escala 1-54), sendo mais elevado em mulheres, doentes ansiosos e os que necessitavam acompanhante. A satisfação foi avaliada em 4,5±0,1 (escala 0-6), correlacionando-se positivamente com a duração do tratamento e a perceção de preservação da visão, sendo menor nos que recebiam IVIs mensalmente. A ansiedade atingiu 3,1 ± 0,2 (escala 0-6), sendo maior em mulheres e doentes ansiosos, correlacionando-se negativamente com a idade e positivamente com a duração do tratamento. Usavam ansiolíticos para lidar com os tratamentos, 7,7% dos doentes. O desconforto das IVIs foi 3,1 ± 0,2 (escala 0-6), levou 12,1% a ponderar desistir e 13,2% a usar analgesia oral. Metade dos participantes relatou limitações após o tratamento, levando 9,1 ± 1,0 horas a retomar a atividade normal (correlação com o TBS). O tempo do tratamento foi avaliado em 3,2±0,2 (escala 0-6) com 79,4% a necessitar de acompanhante.
CONCLUSÃO: O burden experienciado pelos doentes a realizar tratamento com IVIs é complexo, com o TBS a oferecer informações valiosas. Mulheres, doentes ansiosos e os que necessitam de acompanhante apresentaram um burden mais elevado. A maior duração do tratamento e perceção de preservação da visão estão associadas a uma maior satisfação, mas a ansiedade, desconforto e restrições pós-tratamento foram prevalentes. A reflexão sobre estas questões pode permitir melhorar a experiência, a adesão ao tratamento, e, em última análise, a qualidade de vida do doente.

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Publicado

2024-10-26

Como Citar

Romano, J., Campos, A., Oliveira, N., Silva, S., Tomás, R., & Sousa, J. P. (2024). Perspetiva do Burden pelos Doentes a Realizar Injeções Intravítreas: Estudo Baseado no QUALITII num Centro em Portugal. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia. https://doi.org/10.48560/rspo.33273

Edição

Secção

Artigos Originais