Gestão das Primeiras Consultas em Oftalmologia: Análise dos Resultados

Autores

  • Pedro Cardoso-Teixeira Ophthalmology Department, Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal https://orcid.org/0000-0003-0253-5570
  • Catarina Pestana Aguiar Ophthalmology Department, Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal https://orcid.org/0000-0003-2487-4231
  • João Alves Ambrósio Ophthalmology Department, Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal https://orcid.org/0000-0003-2009-5126
  • João Chibante Pedro Ophthalmology Department, Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal
  • Lígia Figueiredo Ophthalmology Department, Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira, Portugal https://orcid.org/0000-0001-5830-2771

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.38378

Palavras-chave:

Oftalmologia, Referenciação e Consulta, Triagem, Cuidados de Saúde Primários, Portugal

Resumo

INTRODUÇÃO: As primeiras consultas de oftalmologia, referenciadas pelos médicos de família (MF), colocam uma pressão significativa nos serviços. Existe pouca informação sobre os principais diagnósticos e outcomes destas primeiras consultas em Portugal. Este estudo visa descrever os padrões de referenciação e os desfechos das primeiras consultas no serviço de Oftalmologia da Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga.

MÉTODOS: Dois médicos analisaram referenciações e primeiras consultas realizadas durante os primeiros cinco meses de 2023. Foram recolhidas informações demográficas, justificações para referenciação e registos de consulta. Os motivos foram categorizados e os diagnósticos estratificados de acordo com as categorias do ICD-10. As consultas foram classificadas com base nos outcomes.

RESULTADOS: Foram analisados 4917 pares referenciação-consulta, com 207 excluídos por dados incompletos. As principais razões de consulta foram a diminuição crónica da acuidade visual (65,2%), o rastreio de retinopatia diabética (11,6%) e o desconforto ocular (4,9%). Cerca de 58,8% (n=2892) das consultas resultaram em alta, 22,2% em cirurgia, 11,1% em referenciação para subespecialidade e 4,2% em seguimento. Dos pacientes com alta, 50,3% receberam uma nova refração, 32,6% não tiveram intervenção específica e os restantes receberam lubrificação, tratamento médico ou instruções de vigilância. A cirurgia mais comum foi a de catarata (69,4%) e as subespecialidades mais referenciadas foram glaucoma (21,5%) e retina médica (20,4%). Existiu uma percentagem considerável de dados incompletos (3,2%) e de consultas duplicadas (0,7%).

CONCLUSÃO: Este estudo oferece uma nova perspetiva sobre os padrões de primeiras consultas de oftalmologia em Portugal. A maioria dos casos referenciados é de baixa gravidade, passível de gestão conservadora. Refletir sobre o papel do MF no processo de referenciação é essencial, considerando a carga de consultas nos cuidados primários que são destinadas à referenciação hospitalar. Novas estratégias de triagem são importantes para reduzir as referenciações desnecessárias, garantindo que apenas aqueles que necessitam de cuidados especializados sejam encaminhados. Isto reduziria a carga de trabalho dos MF, criaria um sistema mais eficiente e melhoraria o acesso aos cuidados de saúde ocular.

Downloads

Referências

World Health Organization. World report on vision. Geneva: WHO; 2019.

Alves Carneiro VL, Gonzalez-Meljome JM. Prevalence of refractive error in Portugal - A systematic review and meta-analysis. J Optom. 2023;16:182-8. doi:10.1016/j.optom.2022.07.003

Ministério da Saúde, Comissão da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão. Estratégia Nacional para a Saúde da Visão. Government Document. [consultado Jun 2024] Disponível em: https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2018/06/EstrategiaVisao.pdf

Lourenco A, Barros P. Cuidados de Saúde da Visão - Estudo para a Universalização de Cuidados de Saúde da Visão em Portugal. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia; 2019.

Ferreira Reis R, Xavier R, Silva Roxo S, Vaz F, Escada AV, Duarte L, et al. Estudo sobre a Prestação de Cuidados de Saúde Ocular à População Portuguesa. Oftalmologia. 2024;48:3-16. doi:10.48560/rspo.36530

World Health Organization. ICD-10: international statistical classification of diseases and related health problems : tenth revision. Geneva: WHO; 2005.

Klein R, Klein BE. The prevalence of age-related eye diseases and visual impairment in aging: current estimates. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2013;54:ORSE5-ORSF13. doi:10.1167/fovs.13-12789

Bergholz R, Dutescu RM, Steinhagen-Thiessen E, Rosada A. Ophthalmologic health status of an aging population-data from the Berlin Aging Study II (BASE-II). Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2019;257:1981-8. doi:10.1007/s00417-019-04386-z

Lima-Fontes M, Braganca-Ribau T, Falcão-Reis F, Barbosa-Breda J. Adequação dos Pedidos de Primeira Consulta de Oftalmologia. Oftalmologia. 2023;47:24-32. doi:10.48560/rspo.28272

Khou V, Ly A, Moore L, Kallonaitis M, Yapp M, Hennessy M, et al. Review of referrals reveal the impact of referral content on the triage and management of ophthalmology wait lists. BMJ Open. 2021;11:e047246. doi:10.1136/bmjoepen-2020-047246

Carrasco Solis R, Rodriguez Grinolo MR, Ponte Zuniga B, Matak Albert B, Lledó de Villar ML, Martínez de Pablos R, et al. Analysis of patient referrals from primary care to ophthalmology. The role of the optometrist. J Optom. 2024;17:100521. doi:10.1016/j.optom.2024.100521

Riad SF, Dart JK, Cooling RJ. Primary care and ophthalmology in the United Kingdom. Br J Ophthalmol. 2003;87:493-9. doi:10.1136/bjo.87.4.493

Alabbasi OM, Al-Barry M, Albasti RF, Khashim HF, Aloufi MM, Abdulal MF, et al. Patterns of ophthalmic emergencies presenting to a referral hospital in Medina City, Saudi Arabia. Saudi J Ophthalmol. 2017;31:243-6. doi:10.1016/j.sjopf.2016.03.001

Han X, Zhang J, Liu Z, Tan X, Jin G, He M, et al. Real-world visual outcomes of cataract surgery based on population-based studies: a systematic review. Br J Ophthalmol.2023;107:1056-65. doi:10.1136/bjophthalmol-2021-320997

Brezin AP, Labbe A, Schweitzer C, Lignereux F, Rozot P, Goguillot M, et al. Incidence of Nd:YAG laser capsulotomy following cataract surgery: a population-based nation-wide study - FreYAG1 study. BMC Ophthalmol. 2023;23:417. doi:10.1186/s12886-023-03134-6

D’Amore JD, McCrary LK, Denson J, Li C, Vitale CJ, Tokachichu P, et al. Clinical data sharing improves quality measurement and patient safety. J Am Med Inform Assoc. 2021;28:1534-42. doi:10.1093/jamia/ocab039

Weng CY. Data Accuracy in Electronic Medical Record Documentation. JAMA Ophthalmol. 2017;135:232-3. doi:10.1001/jamaophthalmol.2016.5562

Downloads

Publicado

2025-06-05

Como Citar

Cardoso-Teixeira, P., Pestana Aguiar, C., Alves Ambrósio, J. ., Chibante Pedro, J. ., & Figueiredo, L. . (2025). Gestão das Primeiras Consultas em Oftalmologia: Análise dos Resultados. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia. https://doi.org/10.48560/rspo.38378

Edição

Secção

Artigos Originais