A Terapia Cognitivo-Comportamental como Abordagem Terapêutica nas Crises Não Epilépticas Funcionais
Palavras-chave:
Psicoterapia; Terapia Cognitivo-Comportamental; Crises não epilépticas funcionais; Crises não epilépticas psicogénicas; Perturbação conversivaResumo
Introdução: As crises não-epilépticas funcionais (CNEF) ou convulsões dissociativas (CD) correspondem a episódios paroxísticos de alterações do comportamento motor, consciência ou percepção, que se assemelham a crises epilépticas, mas que no entanto não são atribuíveis a nenhuma perturbação orgânica neurológica. A psicoterapia é o tratamento de escolha e vários estudos sugerem que intervenções psicoterapêuticas podem reduzir a frequência das convulsões e optimizar o recurso aos serviços de saúde. A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido aplicada em perturbações somatoformes e mais recentemente no tratamento das perturbações de conversão e perturbações dissociativas como as CNEF.
Objectivos: Explorar a aplicabilidade da terapia cognitivo-comportamental no tratamento de pacientes com convulsões dissociativas/ crises não-epilépticas funcionais.
Métodos: Revisão não sistemática da literatura.
Resultados e Conclusões: Pacientes com CNEF frequentemente revelam crenças significativamente distorcidas e desenvolvem padrões comportamentais contraproducentes e repetitivos, com afectos angodepressivos associados. Uma intervenção psicoterapêutica como a TCC pode ser útil no alívio da emocionalidade negativa e estigma associados às crises, assim como auxiliar os pacientes a lidar com o stress psicossocial associado à precipitação das convulsões. Um modelo explicativo plausível para as CNEF defende que estas podem representar uma resposta dissociativa a um estado de hiperexcitabilidade perante circunstâncias ameaçadoras ou intoleráveis, acompanhada de respostas comportamentais de evitamento, as quais actuam como um importante factor de manutenção das crises. A evidência científica apoia o uso de TCC no tratamento das CNEF e como estas podem responder favoravelmente a intervenções específicas. Intervenções cognitivo-comportamentais procuram interromper respostas comportamentais/fisiológicas/cognitivas experienciadas no início da crise, encorajando os pacientes a envolverem-se em actividades antes evitadas, abordando de forma adaptativa, cognições negativas e crenças erróneas relacionadas com o seu estado de saúde, que podem contribuir para a perpetuação das CNEF. Estudos sob metodologia controlada revelaram benefício da TCC ao nível da redução da frequência das CNEF e aumento do período livre sem convulsões. A TCC pode ser útil na gestão de conflitos emocionais, na melhoria de comorbilidades como a ansiedade e a depressão, assim como na recuperação da auto-estima, auto-confiança e sentido de autonomia nos pacientes.
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