Terrorismo, Radicalização e Psiquiatria
DOI:
https://doi.org/10.25752/psi.17332Palavras-chave:
Terrorismo, Violência, Psicopatologia, Psiquiatria ForenseResumo
RESUMO
Introdução: Nos últimos anos, assistimos a um aumento da violência política, religiosa e ideológica em todo o mundo. As entidades governamentais têm delineado políticas para combater este fenómeno onde requerem a intervenção dos serviços de saúde mental nomeadamente na identificação de indivíduos em risco de radicalização.
Objectivos: Este artigo tem como objetivo rever a evidência da associação entre terrorismo, radicalização e doença mental de modo a esclarecer o possível papel da psiquiatria, especialmente o da sua subespecialidade forense, neste tipo de violência.
Métodos: Revisão da literatura através de pesquisa na base de dados científica PubMed/MEDLINEusando os termos “psychiatry”, “terrorism” and “radicalization”.
Resultados e Conclusões: O corpo científico que sustenta o conhecimento dos fenómenos psicológicos associados ao terrorismo é diminuto e associa-se a falhas e imprecisões metodológicas. Atualmente não existe evidência científica de uma associação entre patologia mental e radicalização, contudo, parece haver maior prevalência de psicopatologia nos terroristas solitários. As políticas antiterrorismo encontram-se desfasadas do nível de conhecimento científico e podem contribuir para o aumento do isolamento e discriminação, exigindo-se uma quebra da confidencialidade que inviabiliza o estabelecimento de uma relação terapêutica. O papel da psiquiatria não passa por avaliar risco de radicalização nem adotar técnicas para a promoção do processo inverso, mas identificar e tratar perturbações mentais associadas nos autores e nas vítimas do terrorismo, desconstruindo o estigma e evitando discriminação. Os psiquiatras que trabalham em contexto médico-legal encontram-se numa posição singular para o estudo do terrorismo e radicalização, mas deverão ser cuidadosos, individualizando a avaliação deste tipo específico de violência.
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