Espelho meu: existe alguém mais fOrte do que eu?
DOI:
https://doi.org/10.25752/psi.18630Palavras-chave:
Adição comportamental, Exercício físico, Androgénios, Dismorfia muscularResumo
Introdução: As vantagens da prática regular de exercício físico são diversas e inegáveis. Constitui um paradoxo quando a sua prática é associada à dependência física e adição comportamental, consumo de substâncias e dismorfia muscular. O conceito “adição ao exercício” remonta ao século XX, no entanto não configura no Manual Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais, edição 5 e na Classificação Internacional de Doenças, versão 10.
Objetivos: Análise exploratória dos conceitos de adição ao exercício físico, dismorfia muscular e abuso de androgénios esteróides anabolizantes.
Métodos: Revisão qualitativa da bibliografia publicada na PubMed em relação ao tema.
Resultados e Conclusões: Desde a antiguidade clássica que a forma tonificada do corpo está associada a uma imagem de heroísmo e sucesso. A prática regular de exercício físico é socialmente aceite como um desejo por saúde e bem-estar. Com o aumento destas crenças, cada vez mais indivíduos emergem com patologia relacionada com adição ao exercício físico. Estudos indicam que 3% da população apresenta sintomas de adição ao exercício físico, número que duplica em amostras com populações mais jovens, devido a mudanças culturais e sociais. A adição ao exercício causa disfuncionalidade ocupacional com sintomas de tolerância e abstinência, diminuição de outras atividades prazerosas e a incapacidade de parar a prática, mesmo com lesões e problemas sociais decorrentes do seu excesso. Associado ao exercício abusivo está o consumo de androgénios esteróides anabolizantes e dismorfia muscular (na qual os indivíduos percecionam a sua compleição física de forma irrealista). Na tentativa de transmitirem uma imagem forte e saudável, associado ao medo exuberante de mostrarem fraqueza e vulnerabilidade, estes indivíduos não recorrerão espontaneamente aos serviços de saúde e, quando o fizerem, será tarde no curso da doença. Muitos estudos internacionais surgiram em relação a estas possíveis entidades/sintomas, contudo ainda não há consenso sobre a natureza da sua psicopatologia. Não existem estudos portugueses que avaliem a sua prevalência e consequências adversas. Estudos populacionais são necessários para avaliar as reais necessidades de investimento na prevenção, identificação precoce e abordagem terapêutica.
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