Prevenção Primária em Saúde Mental – Evidência Actual e Direções Futuras
DOI:
https://doi.org/10.25752/psi.33677Palavras-chave:
Promoção, Perturbações mentais, Prevenção primáriaResumo
Introdução: Intervenções preventivas, incluindo a prevenção primária, fazem parte da prática médica desde a antiguidade. As perturbações mentais representam uma significativa carga para os doentes, as famílias e a sociedade, e os tratamentos existentes são ainda limitados na melhoria deste encargo. Recentemente, um número crescente de estudos têm sido publicados sobre prevenção primária em saúde mental, relevando atenção para esta ferramenta terapêutica.
Objectivo: Rever a evidência actual sobre prevenção primária em psiquiatria e refletir sobre o seu futuro.
Métodos: Revisão não-sistemática da literatura, utilizando a base de dados Pubmed. Foram procurados artigos publicados entre janeiro de 2000 até julho de 2021, utilizando as palavras-chave “primary prevention”, “mental disorders” e “promotion”. Os artigos foram selecionados de acordo com a sua relevância para o objeto de estudo.
Resultados: A evidência científica atual apoia a eficácia da prevenção universal, seletiva e indicada, assim como a promoção da saúde mental. Estas intervenções mostraram ser custo-efetivas e capazes de alterar a trajetória das perturbações mentais, especialmente aquelas com uma elevada carga de doença. Tanto a segurança como a viabilidade destas medidas foram comprovadas. Apesar destes resultados encorajadores, a prática clínica encontra-se ainda longe de incorporar a prevenção primária no seu quotidiano. Os objetivos da prevenção apenas podem ser atingidos com o apoio de diferentes sectores e intervenientes a trabalhar de forma coordenada. Os profissionais de saúde mental e os serviços locais de saúde mental devem articular-se de forma a estimular a investigação e a adoção de intervenções integradas no seu modelo de ação. Serviços de psiquiatria da infância e da adolescência destacam-se como um elemento fundamental na atuação sobre a prevenção de jovens em risco.
Conclusão: A prevenção primária está progressivamente a ser reconhecida como uma ferramenta essencial no combate à elevada carga de doença em psiquiatria. Organizações de saúde mental, saúde pública, intervenientes políticos e a sociedade em geral devem trabalhar em conjunto na implementação destas medidas baseadas na evidência e custo-efetivas.
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