O Corpo como Primeiro Espaço de Comunicação: O Diálogo Tónico-Emocional no Nascimento da Vida Psíquica

Autores

  • Rui Martins Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25752/psi.7646

Palavras-chave:

Tónus, Emoção, Diálogo Tónicoemocional, Psiquismo, Terapia Psicomotora, Vinculação

Resumo

Nas primeiras fases da ontogénese, quando o funcionamento relacional da díade mãe bebé, constitui o suporte do desenvolvimento, a criança vai organizando os alicerces do seu Eu, partindo de uma simbiose fisiológica e afectiva, numa relação onde predomina o diálogo tónico-emocional. A presença ou ausência do outro, a dinâmica de aproximação/ afastamento, a dinâmica postural e gestual, as actividades de contenção, as sincronias rítmicas, o contacto térmico, constituem suportes essenciais à organização primária do psiquismo. Quando estes processos são inadequados, podem provocar problemas de individuação e afirmação de identidade, ligados a ausências ou carências na relação primordial entre a mãe e o bébé. Esta perspectiva, leva-nos a equacionar a importância da corporalidade nos processos precoces de comunicação, quando esta é mediatizada essencialmente por processos tónico-emocionais de comunicação, impregnados de afectos, desejos e emoções. Estes processos são essenciais para a constituição dos modelos internos dinâmicos que nessa fase pré-linguística, asseguram o sentimento de identidade e a possibilidade de individuação e diferenciação em relação ao objecto materno. Quando existem perturbações nesta dinâmica evolutiva, a terapia psicomotora constitui um recurso privilegiado, possibilitando um espaço seguro e contentor, no qual, através do jogo espontâneo e simbólico, as crianças podem transformar as sensações, os atos e os afetos em pensamentos, projetos e palavras. Uma relação de vinculação desejada, permite experienciar novas formas de expressão e resolução de conflitos, melhorando a regulação emocional e comportamental, e promovendo a capacidade de mentalização e as funções executivas, como a atenção, a memória de trabalho, o planeamento e a inibição de impulsos.

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Publicado

2015-06-01

Edição

Secção

Actas