Análise da evolução da resposta à selecção numa população da raça bovina mertolenga

Autores

  • J. Castro
  • C. Roquete
  • G. Barata

DOI:

https://doi.org/10.19084/rca.15403

Resumo

A zona Mediterrânica em que o Alentejo se inclui, caracteriza-se pela existência de pastagem natural de boa qualidade por um período bastante curto, normalmente, de Março a Maio.

A raça bovina Mertolenga é considerada, desde há muito, uma das raças autóctones portuguesas melhor adaptadas a condições alimentares difíceis, quer do ponto de vista quantitativo quer qualitativo. Assumida a sua orientação para a produção de carne, através de linha pura e de cruzamento industrial, representa um património genético de grande valia.

Os elementos referentes a pesos ajustados para as idades de 90 e 180 dias, possíveis indicadores da capacidade maternal desta raça, provenientes de uma população explorada em regime extensivo na região do Baixo Alentejo e recolhidos entre 1982 e 1996, foram utilizados para avaliação da evolução do nível genético dessa população que, ao longo do tempo, tem sido submetida a melhoramento por selecção.

Adoptou-se a metodologia sugerida por Elsen & Mocquot (1974) que tem em consideração a evolução ano após ano bem como as alterações da estrutura da população ao longo do tempo, no que respeita ao número de indivíduos que integram as classes de idade ao parto. Esta metodologia prevê igualmente a existência de gerações sobrepostas, situação muito frequente em sistemas de produção de animais domésticos.

A evolução avaliada teve por base a estimativa da resposta à selecção quer do lado masculino quer do lado feminino, uma vez que as características analisadas foram medidas em ambos os sexos.

Através da equação da resposta à selecção proposta por Falconer & Mackay (1996): R = S x h2, estimaram-se os valores do diferencial de selecção (S) bem como os valores da resposta à selecção (R), em ambos os sexos. Utilizando a equação acima referida e combinando os dois sexos, estimou-se o valor da heritabilidade realizada. Assim, obtiveram-se os valores de 0,28 e 0,29 para os pesos ajustados para as idades de 90 e 180 dias, respectivamente.

As características acima referidas, encaradas como possíveis indicadores da capacidade maternal desta raça, manifestaram-se de modo distinto.

O contributo dos toiros oscilou entre 0,529 kg e 4,665 kg para o peso ajustado à idade de 90 dias. No que respeita ao peso ajustado para a idade de 180 dias, o contributo dos machos variou entre -0,176 kg e 9,197 kg.

O contributo das vacas variou entre 0,104 kg e 1,113 kg, quando analisámos o peso corrigido para a idade de 90 dias. No que respeita ao peso corrigido para a idade de 180 dias, aquele contributo oscilou entre -1,433 kg e 0,779 kg. Ainda no que concerne a esta característica e para o conjunto de anos analisados, cerca de 46% das vacas apresentaram contributos de sinal negativo.

O comportamento da população, avaliado pela resposta observada na descendência, parece indiciar uma marcada evolução. Assim e no que concerne ao peso ajustado para a idade de 90 dias, os valores oscilaram entre 0,201 kg e 2,466 kg. Quanto ao peso ajustado para a idade de 180 dias, os valores da resposta situaram-se entre 0,048 kg e 3,979 kg.

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Publicado

2018-11-09

Edição

Secção

Geral