“Agora sei que estou viva…”

Authors

  • Rita Grave Centro Hospitalar Baixo-Vouga
  • Anabela Oliveira Centro Hospitalar Baixo-Vouga
  • Sara Rua Centro Hospitalar Baixo-Vouga

Abstract

 Introdução: A caminhada da pessoa doente nos Cuidados Intensivos (CI) começa na escuridão, no silêncio, na ausência de perceção1. Esta condição resulta da doença aguda e das estratégias terapêuticas implementadas, concorrendo diariamente para o risco de desenvolverem Síndrome Pós Internamento em Cuidados Intensivos (SPICI), com compromisso da qualidade de vida2.

O internamento da pessoa doente em CI ocorre num momento inesperado, manifestando um forte impacto na vida diária dos familiares, experienciando uma multiplicidade de sentimentos conflituantes1, que raramente têm acompanhamento clínico, desenvolvendo SPICI do familiar.

Objetivos: Alertar os profissionais de saúde para a necessidade da humanização em todas as etapas do cuidado à pessoa doente com SPICI.

Material e Métodos: Estudo de caso; Recurso SAM®

Resultados: Os autores descrevem o caso de uma doente, 48 anos, internada por pneumonia grave a SARS CoV 2, com 10 dias em CI, que desenvolveu SPICI com manifestações físicas, cognitivas e psicológicas. Apresentava ansiedade extrema, agorafobia, monofobia e grave disrupção do sono: pesadelos referentes ao internamento que despertavam crises de pânico. Tinha incapacidade de distinguir a realidade do imaginário, colocando em dúvida se já morrera ou se estaria viva.

Na Consulta de Medicina Intensiva foi implementada uma estratégia muito próxima de acompanhamento presencial e telefónico, da doente e do marido ambos acometidos por SPICI, o que ajudou a rentabilizar a intervenção multidisciplinar.

Após 9 meses a doente, recuperou fisicamente, iniciou a actividade laboral, expressando-se agora, ela e o marido como sendo felizes.

Conclusões: Com este caso clínico, os autores, chamam a atenção para a prevenção do SPICI que compromete o prognóstico vital e funcional e é responsável pela diminuição da qualidade de vida com custos pessoais, familiares e sociais relevantes.

Sublinham a existência do SPICI nos familiares próximos que, para além das consequências individuais e sociais, compromete a reabilitação da pessoa doente, de quem são muitas vezes os cuidadores.

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References

Fernandes MJC. Testemunhos de vida em uma Unidade de Cuidados Intensivos: Profissionais de Saúde, Pessoas Doentes e Familiares. Lisboa: Editora Lisbon Internacional Press, 2021.

Desai SV, Law TJ, Needham DM. Long-term complications of critical care. Crit Care Med. 2011

Published

2023-07-04

How to Cite

Grave, R. ., Oliveira, A., & Rua, S. (2023). “Agora sei que estou viva…”. Servir, 2(01e), 64. Retrieved from https://revistas.rcaap.pt/servir/article/view/31611