Estudo preliminar da composição bioquímica do músculo de peixe-gato europeu (Silurus glanis) capturado no rio Tejo, Portugal

Resumo

O peixe-gato-europeu é uma espécie predadora exótica e invasora com tendência populacional crescente no rio Tejo, pelo que o seu controlo é um objetivo prioritário de forma a mitigar os impactes ambientais que está a provocar nos ecossistemas onde foi introduzida. A valorização alimentar deste peixe dulçaquícola poderá ajudar no aumento do interesse da sua captura por parte dos pescadores, embora uma caracterização nutricional prévia seja essencial para potenciar a sua exploração comercial. O presente estudo determinou a composição bioquímica bruta (teor em proteínas, lípidos, fibras, cinzas e humidade) e o pH do músculo do peixe-gato europeu capturado no rio Tejo, em Portugal, para duas classes de tamanho (classe I < 100 cm e classe II ≥ 100 cm de comprimento total). Após a determinação destes parâmetros bioquímicos por métodos padronizados (g/100 g) verificou-se que o tamanho dos peixes não teve influência (P > 0,05) sobre o teor em proteínas (16,94 ± 0,38; 16,95 ± 0,27), cinzas (0,75 ± 0,27; 0,97 ± 0,04) e fibras (0,38 ± 0,39; 0,24 ± 0,03) (classes I e II, respetivamente). Porém, os peixes com mais de 100 cm apresentaram diferenças significativas relativamente aos outros parâmetros (P < 0,05), exibindo conteúdos superiores de lípidos (1,20 ± 1,01; 8,65 ± 0,15) e inferiores de humidade (80,11 ± 4,17; 71,51 ± 1,66) e pH (6,75 ± 0,13; 6,49 ± 0,25) (classes I e II, respetivamente). Estes resultados preliminares evidenciam o papel do tamanho dos exemplares na composição bioquímica de organismos aquáticos. De facto, alguns dos parâmetros analisados do músculo do peixe-gato-europeu variaram em função do seu tamanho, sendo provável que estudos sobre a influência de outras variáveis bioecológicas, bem como a determinação de parâmetros da composição bioquímica mais fina, venham a reforçar este tipo de conclusões.