Justificação das Exposições Médicas a Radiação Ionizante

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DOI:

https://doi.org/10.25748/arp.42252

Resumo

A crescente utilização de exames radiológicos com recurso a radiação ionizante levanta preocupações quanto à sua justificação clínica, especialmente face ao aumento projetado de cancros associados. Este estudo teve como objetivo principal avaliar a adequação do preenchimento do campo relativo ao contexto clínico nas requisições de exames radiológicos, conforme as recomendações do Manual de Boas Práticas de Radiologia da Ordem dos Médicos e o Decreto-Lei n.º 108/2018, que estabelece o princípio da justificação das exposições médicas.

Foi realizado um estudo observacional analítico transversal numa Unidade Local de Saúde, envolvendo três unidades hospitalares. A amostra incluiu 400 requisições selecionadas aleatoriamente em 2025, analisadas por dois Delegados de Proteção Radiológica. As requisições foram classificadas segundo o sistema RI-RADS, que avalia a qualidade da informação clínica fornecida.

Os resultados revelaram que apenas 4% das requisições foram classificadas como RI-RADS A (adequadas), enquanto 68% foram consideradas deficientes (RI-RADS D). Verificou-se associação estatisticamente significativa entre a qualidade da informação e a modalidade do exame, bem como a proveniência da prescrição, com destaque para os piores resultados na Radiologia Convencional e no Serviço de Urgência.

Conclui-se que existe uma necessidade urgente de melhorar o processo de prescrição, promovendo a formação dos profissionais e a revisão dos modelos de requisição. A implementação de medidas corretivas poderá contribuir para uma prática radiológica mais segura, eficaz e alinhada com os padrões de boas práticas, garantindo melhores cuidados ao utente e uma utilização mais racional dos recursos em saúde.

Publicado

2025-11-19

Edição

Secção

Artigos Originais