Representações filmadas da “Ásia portuguesa”: escassez e especificidades
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2022245.01Palavras-chave:
cinema de propaganda, “Oriente português”, filmes coloniais, Estado Novo, projeção nacionalResumo
A filmografia portuguesa relativa ao Oriente português durante o Estado Novo é escassa, tardia e projeta uma retórica simplificada luso-tropicalista, que foi atualizando o mito da importância perdida de um território, outrora vasto, mas que durante a ditadura era já pequeno, impondo-se sobretudo pelo valor simbólico subjacente à sua posse. Proponho que a escassez de filmes sobre a Índia portuguesa, Timor e Macau decorre deste valor simbólico da comunidade imaginada (e território), que se projetava mais por omissão do que através da representação imagética. No entanto, com a emergência da questão de Goa e com o início da guerra colonial, o Oriente português passa a ser filmado como decorrência de um discurso luso-orientalista que pretendia, contra as evidências, sedimentar a ideia da unidade nacional “do Minho a Timor”.