Os académicos precarizados e os outros: construindo uma legitimação sucessiva de um regime excecional
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2023249.09Palavras-chave:
precariedade, ensino superior, ciência, condições laborais, PortugalResumo
Atualmente, o setor do ensino superior e da ciência é fortemente afetado pela prevalência de vínculos laborais precários. Este ensaio parte dos sentidos que académicos em posições precárias e permanentes atribuem às funções de ensino e de investigação, assim como aos vínculos laborais associados a estas, para refletir sobre a sua imbricação no desenvolvimento do setor durante o período democrático em Portugal. Discute-se a legitimação contínua de mecanismos de fechamento da academia à integração permanente de investigadores, resultando numa normalização da contratualização precária que atualmente se estende a todas as funções académicas. Este sistema dual promove disparidades internas, contribui para a reprodução de estruturas de poder e cria um ambiente de competição exacerbada que, no seu conjunto, obstaculizam o cumprimento das missões do ensino superior e da ciência.