Dar à fuga: comunidade e sujeito num contexto de narcotráfico
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2000153.03Palavras-chave:
narcotráfico, representações colectivas, actividade ilegal colectiva, sujeito delinquente, identidade pessoalResumo
Num contexto de narcotráfico, no qual os traficantes demonstram ter interiorizado, em larga medida, os valores de condenação do tráfico, surgem representações colectivas que facilitam o desenrolar dessa actividade e a adesão de novos intervenientes. Neste artigo demonstra-se que essas representações não podem ser compreendidas com base na existência de um «complexo subcultural delinquente», constituído com base em valores alternativos e transmitido em meio fechado. Propõe-se antes uma concepção processual de «actividade ilegal colectiva» e de «sujeito delinquente» onde se defende que, em primeiro lugar, essas representações vão sendo produzidas em textos de interacção, sempre com base em valores dominantes, dos quais se destaca justamente o valor «não traficar». Em segundo lugar, a presença dessas representações no processo de socialização dos intervenientes é experimentada de um modo contextual e contraditório ao nível da identidade pessoal (self).