Da experiência da destruição: considerações a partir da cena brasileira contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.31447/202317Palavras-chave:
destruição, fenomenologia, forma de vida, linguagem, Homo BolsonarusResumo
Embora referindo-se analiticamente à cena política brasileira contemporânea, este ensaio defende as vantagens imaginativas da metáfora da destruição, em geral, para a observação de processos políticos extremos. Ao fazê-lo, toma como premissa o limite analítico das categorias estritamente políticas, que compõem o imaginário usual da democracia, tomada como experiência schumpeteriana e institucional. A perspetiva da destruição política reconfigura os fundamentos da sociabilidade. Este ensaio destaca como elementos cruciais de tal processo as dimensões da vida e da linguagem. Trata-se de tomar a linguagem da destruição, aqui definida como palavra podre, como léxico de uma subjetividade inédita, não tanto pelos valores pelos quais propugna, mas pela intensidade, ostensão oficial e passagem ao ato que a acompanham. A personificação de tal modo de conduta configurou o Homo Bolsonarus, sugerido neste ensaio como modelo de agência humana, plenamente adaptado à obra da destruição.