Actividade creditícia em Lisboa (1775-1830)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31447/AS00032573.1996136.14

Palavras-chave:

mecanismos de crédito, população de Lisboa, século XVIII e XIX, padrões de crédito

Resumo

Procura-se neste artigo apreender a extensão e as características dos mecanismos de crédito a que recorria a população de Lisboa no último quartel do século XVIII e nas três primeiras décadas do século seguinte. Adopta-se uma noção ampla de crédito que engloba diferentes tipos de práticas, desde o crédito comercial ao empréstimo monetário, passando pelo adiamento no pagamento de salários e serviços, de rendas de casas ou terras, pelas letras de câmbio e risco ou ainda pelo crédito intergeracional consubstanciado no protelamento das contas de herança e em outras transferências de dinheiro e bens operadas em data anterior à morte da geração mais velha. O artigo encontra-se dividido em duas partes: na primeira destaca-se o amplo recurso que os habitantes de Lisboa faziam relativamente a estas diferentes formas de crédito. Procura-se ainda identificar quais os grupos sócio-ocupacionais que se destacavam pelo peso que tais créditos representavam no total das suas fortunas. Na segunda parte analisa-se apenas uma forma particular de crédito: o empréstimo de dinheiro entre particulares. Salienta-se o carácter de pulverização que afecta esta área das transacções de crédito, mostrando-se que a concentração de um número importante de actos de empréstimo ocorria numa fracção muito reduzida de emprestadores. Analisando-se, por um lado, as distintas motivações que estavam subjacentes à concessão de empréstimos e a diversidade de motivos que suscitavam o seu pedido, conclui-se pela existência de dois padrões de empréstimo. Num deles prevaleciam intuitos de entreajuda económica, desenvolvidos sobretudo entre parentes, amigos e conhecidos; noutro, a clara motivação de obter um rendimento por via da actividade de empréstimo, domínio no qual intervinham predominantemente negociantes, desembargadores, advogados e instituições religiosas ou clérigos a título individual.

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Publicado

1996-06-28

Como Citar

Rocha, M. M. (1996). Actividade creditícia em Lisboa (1775-1830). Análise Social, 31(136_137), 579–598. https://doi.org/10.31447/AS00032573.1996136.14