A habitação popular no século XIX – características morfológicas, a transmissão de modelos: as ilhas do Porto e os cortiços do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1994127.05Palavras-chave:
habitação operária, ilhas do Porto, cortiços do Rio de Janeiro, habitação popularResumo
As ilhas constituem a forma típica de habitação operária desenvolvida no Porto na segunda metade do século XIX. A maior parte das ilhas consistem em filas de pequenas casas de um só piso, com áreas que muitas vezes não excedem os 16 m2, construídas nos quintais das traseiras de antigas habitações das classes médias e com acesso para a rua apenas através de estreitos corredores por debaixo destas habitações à face da rua. As ilhas foram uma consequência da industrialização do Porto e da necessidade de alojar o elevado número de emigrantes que se deslocaram para a cidade na segunda metade do século XIX. No final do século, as ilhas alojavam cerca de um terço da população do Porto. As ilhas eram a forma de habitação que se adequava aos recursos económicos dos seus habitantes, à capacidade de investimento dos seus promotores às condições espaciais em que se construíram. É aqui examinado o conjunto de circunstâncias económicas, sociais e espaciais que deram origem a este tipo de habitação, que justificam as suas características morfológicas e a sua localização na cidade. São também examinados os processos de transmissão de modelos formais que se verificaram entre as ilhas do Porto e os cortiços do Rio de Janeiro. Estas duas formas de habitação popular construídas na segunda metade do século XIX, no Porto e no Rio de Janeiro, evidenciam grandes semelhanças, podendo ser encontrados paralelos nas suas características formais e localização na cidade, bem como nas condições sociais, tipo de promotores e processos de desenvolvimento que lhes deram origem. Os emigrantes portugueses tiveram aqui um papel determinante na transmissão de modelos e no desenvolvimento deste tipo de habitação popular no Rio de Janeiro.