Mecenato cultural de empresa em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1990107.04Palavras-chave:
mecenato cultural de empresa, Lei do Mecenato, intervencionismo do Estado, produção culturalResumo
A partir dos meados dos anos 70 assiste-se na Europa ao desenvolvimento e à profissionalização das práticas do mecenato cultural de empresa. Em Portugal, este processo, estimulado pelo aparecimento da chamada Lei de Mecenato (1986), vem ganhando visibilidade pública e suscitando crescente participação. Neste artigo apresentam-se os resultados de dois inquéritos realizados neste país, um junto de empresas-mecenas, outro junto de produtores e difusores culturais, visando conhecer as lógicas por que se orientam uns e outros agentes relativamente às questões implicadas nesta forma de mecenato. Os autores do artigo destacam nomeadamente a questão do intervencionismo do Estado, da avaliação do interesse da Lei, da natureza e continuidade do apoio privado, dos efeitos deste sobre a produção cultural. Situado, hoje como no passado, na charneira entre sistema político, económico e cultural, o mecenato, na sua forma actual de mecenato de empresa, é expressão de contradições e sinergias que atravessam as sociedades contemporâneas. Tem-se configurado segundo um modelo dominante que apresenta variantes para os diferentes países e regista alterações recentes. Neste sentido, os referidos inquéritos (enquadrados, aliás, num projecto de investigação mais vasto) também carreiam elementos para uma definição do modelo português e seu confronto com o de outros países.