Debaixo da pele, longe da vista: de como não acabam as epidemias
DOI:
https://doi.org/10.31447/42034Palavras-chave:
epidemias, pele, contágio, vigilância sanitáriaResumo
Durante a crise pandémica causada pelo coronavírus sars-cov-2, ou covid-19, aumentou o interesse pelas epidemias históricas e pelo modo como estas terminaram. Na verdade, apenas terminou o seu impacto; em raros casos se verifica a extinção completa da doença. Neste artigo examino alguns casos de epidemias que submergiram, perdendo visibilidade pública, impacto e morbilidade, mas não terminaram. Utilizarei dados de projectos de pesquisa desenvolvi em diferentes momentos, começando com o hiv/sida/aids no âmbito do meu doutoramento na década de 1990 e com base geográfica nos Estados Unidos e no Brasil, continuando com a sífilis no contexto de um projecto sobre a história social da saúde em Lisboa em finais do século xix e inícios do xx, e finalizando com duas morbilidades encontradas nos arquivos do Hawaii durante o meu projecto “The Colour of Labour” sobre sociedades de plantação: os surtos de sarampo em navios de emigrantes e a lepra/hanseníase na colónia de Kalaupapa, Molokai.