Documento de consenso da Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos sobre sustentabilidade 4 âmbitos para alcançar uma prática mais sustentável

Abstract

As alterações climáticas são um tema determinante para a nossa geração. A pegada de carbono da prática clínica é responsável por 4,7 % das emissões europeias de gases com efeito de estufa, estando a União Europeia classificada como o terceiro maior contribuinte para a pegada de carbono da indústria da saúde a nível global, atrás dos Estados Unidos e da China. Reconhecendo a importância de uma ação urgente, a Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos (ESAIC) adotou a Declaração de Glasgow sobre Sustentabilidade Ambiental em junho de 2023. Com base nesta iniciativa, o Comité de Sustentabilidade da ESAIC apresenta agora um documento de consenso sobre a sustentabilidade perioperatória. Reconhecendo dimensões mais amplas da sustentabilidade, além da ambiental, o documento reconhece os profissionais de saúde como pilares para o cuidado sustentável e apresenta recomendações em quatro áreas principais: emissões diretas, energia, cadeia de abastecimento e gestão de resíduos; e cuidados psicológicos e autocuidados dos profissionais de saúde. Dada a necessidade urgente de reduzir as emissões globais de carbono e a escassez de literatura baseada em dados científicos sobre sustentabilidade perioperatória, a metodologia usada para estas recomendações é baseada em pareceres de peritos.

Um total de 90 recomendações foram elaboradas por 13 peritos em sustentabilidade em anestesia, em março de 2023 e depois validadas por 36 peritos de 24 países diferentes, num processo Delphi em duas etapas em maio e junho de 2023. Para acomodar diferentes possibilidades de ação em países de rendimentos elevados vs. médios, foi estabelecido um limiar de concordância de 80 % para facilitar a implementação das recomendações em toda a Europa. Todas as recomendações ultrapassaram o limiar de concordância de 80% na primeira ronda Delphi e 88 recomendações alcançaram uma concordância >90 % na segunda ronda. As recomendações incluem a utilização de fluxo de gás fresco muito baixo, a escolha do fármaco anestésico, medidas de preservação de energia e água, políticas “5R”, incluindo a escolha de plásticos e a sua eliminação, e recomendações para um ambiente de trabalho saudável, referindo também a importância da fadiga na prática clínica.