Ruptura temporal das vivências cotidianas
Do passado sensível ao patrimônio afetivo de Paracatu de Baixo, Mariana, MG
Palavras-chave:
Paracatu de Baixo, memórias, passado sensível, patrimônio afetivoResumo
O rompimento da barragem de Fundão, pertencente à empresa Samarco, em cinco de novembro de 2015, marcou um dos piores desastres socioambientais do Brasil. O colapso devastou a bacia do rio Doce e comunidades como Paracatu de Baixo, Mariana, MG. O local tornou-se símbolo de reivindicações por indenizações e preservação de seu patrimônio cultural. Esta pesquisa busca refletir como Paracatu de Baixo, hoje composto por ruínas, reverbera seu patrimônio cultural, a partir de vínculos afetivos, tornando-se símbolo de resistência, permitindo que a comunidade reafirme suas identidades e espaço na história a partir da compreensão e uso de seu passado sensível. A metodologia do artigo é constituída por pesquisa bibliográfica e pela pesquisa documental por meio de relatos da comunidade no jornal A Sirene, associada ao registro fotográfico do local realizada em pesquisa observatória. A análise de conteúdo de diferentes referências possibilitou reflexões sobre como a manutenção da lógica de comunidade e preservação das memórias, pertinentes para garantir as identidades locais no contexto da tragédia. A catástrofe expôs complexas relações sociais e a negligência às vítimas, destacando a urgência de reconhecer memórias e identidades culturais afetadas. Conclui-se que as mudanças no território precisam registrar o passado sensível do rompimento da barragem como também o patrimônio afetivo que denotam os vínculos entre a comunidade e seu (outro) lugar.
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