Espaços ajardinados do lado norte da Avenida dos Estados Unidos da América

Traços conceptuais na definição de um corredor verde no Bairro de Alvalade (1940-1960)

Auteurs-es

Mots-clés :

Bairro de Alvalade, Dialética Projetual, Espaço Urbano, Estrutura Verde, Parques Infantis

Résumé

A Avenida dos Estados Unidos da América projetada em 1941 pelos Serviços da Câmara Municipal de Lisboa (CML) como a nova Estrada de Circunvalação, em articulação com os eixos radiais de expansão da cidade, constituiu uma das principais vias estruturantes do Bairro de Alvalade, cujo plano foi aprovado em 1945 como plano parcial de Com suporte na investigação da génese e das características da Estrutura Verde do Bairro de Alvalade e com incidência na documentação dos arquivos municipais de Lisboa, o artigo observa, no contexto do planeamento e do projeto, os traços conceptuais que na definição do espaço urbano da Avenida dos Estados Unidos propiciaram a implementação de um Corredor Verde no Bairro de Alvalade e na Cidade. Partindo do enquadramento da avenida no Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro (aprovado em 1945) e do Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa [elaborado por Étienne De Gröer (1882-1974) entre 1938 e 1948], o artigo revisita o crescimento da cidade e as propostas de implantação ao longo da avenida (1951, 1956 e 1959). Em paralelo, elenca os projetos dos conjuntos habitacionais do Bairro influenciados pela publicação em Portugal da Carta de Atenas (1948) e pelo surgimento do Movimento Moderno que, no seu conjunto, propiciaram a abertura do logradouro e a redefinição do espaço urbano da avenida. Num segundo momento, o artigo aborda a conceção do espaço urbano da avenida nos finais da década de 1950 na sequência do ensino da arquitectura paisagista em Portugal a partir de 1942 por Francisco Caldeira Cabral (1908-1992) e da sua prática na Câmara Municipal de Lisboa pela primeira geração de técnicos com esta formação específica a partir de 1950, cuja matriz ecológica, artística e aberta à dialética interdisciplinar permitiu explorar os espaços intersticiais do bairro e implantar um corredor verde segundo o conceito de «Continuum naturale».

Références

Alcântara, Ana (2013). Uma Geografia da Lisboa Operária em 1890 (Comunicação apresentada no I Congresso de História do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal, Lisboa, Março 2013).

APHA - Associação Portuguesa dos Historiadores de Arte (2019) | Carta de Atenas (1933), disponível em www.apha.pt/wp-content/uploads/boletim1/CartadeAtenas1933.pdf, acedido em 10 de Março de 2019.

Bento D’ Almeida (2013). Bairro(s) do Restelo. Panorama Urbanístico e Arquitectónico (Tese de Doutoramento em História da Arte Contemporânea sob a orientação da Professora Doutora Margarida Accialiaiuoli e Professor Doutor Michel Toussaint Alves Pereira). Volume 1. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa.

Bettencourt da Câmara, M. T. P. M. C. M. (2015) Contributos da Arquitectura Paisagista para o Espaço Público de Lisboa (1940-1970). Tese de Doutoramento em Arquitectura Paisagista e Ecologia Urbana (Orientado por Professora Auxiliar Teresa Dulce Portela Marques). Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 2015.

BRITO, Vasco; Camarinhas; Catarina (2007). Elementos para o Estudo do Plano de Urbanização da Cidade de Lisboa (1938), 2007.

Cabral, Francisco Caldeira & Ribeiro Telles, Gonçalo (1960) A Árvore em Portugal. Ministério das Obras Públicas. Direccção-Geral dos Serviços de Urbanização. Centro de Estudos de Urbanismo, em colaboração com o Centro de Estudos de Arquitectura Paisagista do Instituto Superior de Agronomia, Lisboa, 1960.

Cabral, Francisco Caldeira (1993) Fundamentos da Arquitectura Paisagista. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa, 1993. ISBN: 972-8083-12-2.

Câmara Municipal de Lisboa (1945). Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro. Vol. I. I – Memória Descritiva. D.S.U.O. Lisboa, 1945.

Câmara Municipal de Lisboa (1948a). Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa (PGUEL). 1ª Parte – Análise do Estado Actual. Ponto B – Espaços Livres, Lisboa, 1948.

Câmara Municipal de Lisboa (1948b). Plano Geral de Urbanização e Expansão de Lisboa (PGUEL). 1ª Parte, II – Princípios Fundamentais, B – Zonamento, p.7-13, Lisboa, 1948.

Câmara Municipal de Lisboa (1949) Relatório “A Arborização do Sítio de Alvalade”. Direção Serviços de Urbanização e Obras (DSUO).

Câmara Municipal de Lisboa (1956). Blocos de Habitação para a Avenida dos Estados Unidos da América (Troço da Av. do Aeroporto – Av. do Rio de Janeiro). Estudos dos Espaços Públicos (Memória Descritiva). Projeto de Arquitectos Manuel Laginha, Vasconcelos Esteves e Pedro Cid, 1956.

Câmara Municipal de Lisboa (1957). Ajardinados da Avenida dos Estados Unidos da América. Ante Projeto. Memória Descritiva.

Câmara Municipal de Lisboa (1958a) Plano Director de Urbanização de Lisboa. Volume 1 – Lista dos Técnicos.

Câmara Municipal de Lisboa (1958b) Plano Director de Urbanização de Lisboa. Volume 5.3. Ponto 4.1 – Plano De Gröer.

Câmara Municipal de Lisboa (1958c) Plano Director de Urbanização de Lisboa. Volume 5.3. Ponto 4.4 – Zonamento da Cidade.

Câmara Municipal de Lisboa (1958d) Plano Director de Urbanização de Lisboa. Volume 5.3. Ponto 4.5 – Equipamentos Espaços Verdes Especiais.

Câmara Municipal de Lisboa (1959). DST-E. 3ª Repartição. Avenidas dos EUA. Ajardinados, no Troço entre a Av. de Roma e a Avenida dos EUA. Memória Descritiva.

Castel-Branco, Cristina. O Jardim Português e a História da Água nos Jardins. Scribe. 2010. ISBN: 978-989-989-8410-08-5.

Costa, João Pedro (1997). Bairro de Alvalade: Considerações sobre o Urbanismo Habitacional. Vol. II (Tese de Mestrado em Cultura Arquitectónica Contemporânea e Construção da Sociedade Moderma, orientada pelo Prof. José M. Ressano Garcia Lamas). Faculdade de Arquitectura. Universidade Técnica de Lisboa, 1997.

Costa, João Pedro (2002). Bairro de Alvalade. Um Paradigma no Urbanismo Português. Livros Horizonte. Faculdade de Arquitectura, 2002. ISBN: 972-24-1198-5.

Decreto-Lei n.º 379/97, de 27 de Dezembro. Diário da República, 1ª Série N.º 298 – 27-12-1997.

Decreto-Lei n.º 119/2009, de 19 de Maio. Diário da República, 1ª Série N.º 96 – 19-05-2009.

Decreto-Lei n.º 203/2015, de 17 de Setembro. Diário da República, 1ª Série N.º 182 – 17-09-2015.

Fernandes, José Fernandes (1997). As Avenidas de Lisboa in “Lisboa em Obras”. Coleção “Cidade de Lisboa” 30, p21-33.

Lamas, José M. Ressano Garcia (1993). A Urbanística Formal Portuguesa e o Areeirp in “Morfologia Urbana da Cidade”. Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, p. 281-292. Fundação Calouste Gulbenkian. Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica.

República Portuguesa (1921). Censo da População de Portugal 1920 (6º Recenciamento Geral da População). Resultados Provisórios relativos às Cidades de Lisboa e Porto. Ministério das Finanças. Direcção Geral de Estatística. Lisboa, Imprensa Nacional, 1921.

República Portuguesa (1933). Censo da População de Portugal. Dezembro de 1930 (7º Recenciamento Geral da População). Familias, população de residência habitual e população de facto, distinguindo sexo, nacionalidade, naturalidade, estado civil e instrução. Direcção Geral de Estatística. Lisboa, Imprensa Nacional, 1933.

República Portuguesa (1945). VIII Recenciamento Geral da População do Continente e Ilhas Adjacentes em 12 de Dezembro de 1940. Volume I – Portugal (Continente e Ilhas Adjacentes). 1ª Parte – Quadro 1. Instituto Nacional de Estatística (INE). Imprensa Nacional de Lisboa, 1945.

Rodrigues, Teresa e Ferreira, Olegário A. Vieira (1991). As Cidades de Lisboa e Porto na viragem do Século XIX – Características da sua evolução demográfica: 1864-1930. (Comunicação apresentada no Congresso «O Porto de fim do século (1880-1910)» p297-324. Ateneu Comercial no Porto, 31 de Janeiro a 6 de Fevereiro de 1991).

Rodrigues, Teresa (1995). A População Portuguesa nos Séculos XIX e XX. O acentuar das assimetrias de crescimento regional. Centro de Estudos da População Economia e Sociedade, Revista População e Sociedade, 1995, p57-72.

SILVA, Carlos Nunes (1986). A «Urbanística» do Estado Novo (1926-1959): Nem Nacional Nem Fascista in “Atas do Colóquio sobre o Estado Novo: das origens ao fim da Autarquia: 1926-1959, 1986”, p.379.

Telles, G. R. (Coordenação) (1997) Plano Verde de Lisboa. Componente do Plano Director Municipal de Lisboa. Edições Colibri, Lisboa, Outubro de 1997. ISBN: 972-8288-743.

Tostões, Ana. Alvalade, uma experiência pioneira de habitação colectiva: quando a habitação é capaz de fazer cidade. In “J-A. Jornal arquitectos, n.º 204 Jan-fev. 2002, p.42-47”.

Arquivos consultados

Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Arco do Cego.

Arquivo do Ministério de Economia.

Sítios consultados

Algarve Informativo / arquiteto Manuel Laginha

https://algarveinformativo.blogs.sapo.pt/loule-relembra-arquiteto-manuel-laginha-156747

Câmara Municipal de Lisboa – Arquivo Municipal

Disponível em linha em:

http://arquivomunicipal2.cm-lisboa.pt/sala/online/ui/searchbasic.aspx?filter=AH;AI;AC;AF

Câmara Municipal de Lisboa | Elementos para o Estudo do Plano de Urbanização da Cidade de Lisboa (1938)

Disponível em linha em:

http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/97.pdf

Câmara Municipal de Lisboa | Corredores Verdes

Disponível em linha em:

http://www.cm-lisboa.pt/viver/ambiente/corredores-verdes

Câmara Municipal de Lisboa | Gabinete de Estudos Olissiponenses

Disponível em linha em:

http://geo.cm-lisboa.pt

Câmara Municipal de Lisboa | Lisboa interativa

Disponível em linha em:

http://lxi.cm-lisboa.pt/

Câmara Municipal de Lisboa | Toponímia.

Disponível em linha em:

http://www.cm-lisboa.pt/toponimia/

Fundação Calouste Gulbenkian / Museu / Pedro Cid

https://gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/o-edificio/pedro-cid

Ordem dos Arquitetos / João de Barros e Vasconcelos Esteves

http://arquitectos.pt/?no=2020495283,154

RCAAP Repositários Científicos de Acesso Aberto de Portugal

Disponível em linha em:

https://www.rcaap.pt/

Portal do Jardim | Prof. Francisco Caldeira Cabral

Disponível em linha em:

http://proffranciscocaldeiracabral.portaldojardim.com/biografia/a-formacao-de-arquitecto-paisagista-a-escolha-de-berlim/

Téléchargements

Publié-e

2020-06-26

Numéro

Rubrique

Article