Retornar, não retornar ou circulação entre lugares?

Diferentes práticas migratórias e seus impactos no presente e no futuro de um lugar de partida (aldeia de Montesinho)

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Mots-clés :

práticas migratórias, (i)mobilidades, migração de retorno, migrações internas, translocalismo

Résumé

A decisão entre realizar ou não uma migração de retorno de carácter definitivo, a opção pela circulação, ou a impossibilidade de escolher serão problematizadas neste artigo que propõe uma tipologia das trajetórias e práticas migratórias para repensar sobre as estratégias residenciais dos migrantes e as mobilidades multilocais entre diferentes lugares de um ou mais países. Perscrutaram-se trajetórias migratórias iniciadas entre as décadas de 1960 e 1970 e procurou-se identificar alguns dos fatores que influenciaram as diferentes escolhas e quais pesaram mais na decisão de retornar, permanecer, ou circular entre diferentes lugares. A tipologia formulada a partir de um contexto específico, do lugar de partida e das múltiplas ligações entre este lugar e outros lugares em Portugal e na Europa possibilitou indicar e questionar algumas das causas que terão determinado uma maior ou menor rigidez/fluidez das práticas migratórias. As migrações deste ciclo migratório que tiveram um forte impacto no passado, presente e futuro destes territórios que viram partir grande parte da sua população, serão analisadas a partir do estudo das (i)mobilidades de um lugar, aldeia de Montesinho, que serve de estudo de caso para pensar em algumas políticas possíveis que contribuam para o desenvolvimento destas regiões, que aproveitem algum do investimento realizado pelos emigrantes nos lugares de onde partiram e que atraiam população para estes territórios. Com a pandemia e as alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global, o debate sobre a gestão destes territórios volta a ganhar centralidade e este artigo poderá ser um contributo para a necessária reflexão e intervenção.

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Publié-e

2022-06-15

Numéro

Rubrique

Dossier Articles