A (in)visibilidade do rio na percepção e representação da paisagem em Santa Bárbara D’oeste (Brasil)
Mots-clés :
percepção e valorização da paisagem, mapa participativo, paisagem urbana, adolescentes, educação, memóriaRésumé
A percepção de uma paisagem indicia as relações entre comunidade, memória, imaginário, afetividade e seu território. Estas relações ajudam a captar a imagem e identidade da paisagem, além de nos aproximar de processos de regeneração da paisagem que contemplem abordagens participativas. Com o objetivo de analisar a percepção das paisagens fluviais de Santa Bárbara d’Oeste - São Paulo/Brasil, este trabalho analisa duas experiências de mapas participativos de rios urbanos, envolvendo estudantes do ensino médio da rede pública na cidade. Para isto foram utilizados mapas participativos, dentro do contexto da cartografia social, com abordagem fenomenológica. Esse método permitiu identificar a percepção dos participantes, as escalas de conexão, afetividade, assim como os níveis de conhecimento geral, geográfico, espacial e territorial. Constatou-se a invisibilidade dos rios na paisagem; a desconexão entre o ambientes urbano e o natural; fricções e dissociações espaciais entre digital e o analógico; a existência anônima das águas e o grande desafio de educar para a salvaguarda planeta. O papel do mapa participativo, com a combinação de recursos digitais e analógicos, destacou-se por aprimorar processos de percepção, valorização e representação da paisagem. Sublinhando, ainda, sua relevância para sensibilizar coletivamente acerca de componentes menos reconhecidos da paisagem, como os rios. Nota-se um potencial interesse na inclusão e/ou evidenciação da temática da paisagem fluvial no currículo escolar. As contribuições destacadas podem fomentar diretrizes e planos urbanos.
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