Habitação nas "Favelas Intramuros": Reflexões acerca de Novas Formas de Expansão Urbana

Resumo

Este artigo desenvolve um olhar mais profundo sobre novas apropriações residenciais do espaço em áreas marginalizadas de uma grande cidade brasileira, destacando a importância subjetiva da habitação e seu significado para além da ideia de abrigo. Em primeiro lugar, apresenta uma breve história das favelas do Rio de Janeiro e sua relação com as terras desocupadas nos últimos 100 anos. Em seguida, explica o valor da habitação própria e sua contribuição para a consolidação de territórios múltiplos e híbridos, evidenciando seu caráter subjetivo. Por fim, apresenta um estudo de caso chamado Portelinha, localizado em um conjunto de favelas conhecido como Complexo Maré, ressaltando como essa ocupação mista transformou o tecido urbano local, levando ao surgimento do que é chamado de “favela intramural”. Esse fenômeno consiste na autoconstrução de um conjunto de casas de menor escala dentro das paredes de uma antiga fábrica que se transformou em um vazio industrial nos anos 90. A análise mostra como essa apropriação habitacional é articulada com outras atividades, especialmente culturais, levando a uma diversidade de atores sociais, alianças e conflitos, transformando-a em um real território disputado. Casos como esse refletem os desafios com os quais arquitetos e planejadores precisam lidar quando trabalham nos contextos urbanos desiguais que são tão comuns no Sul Global.