As crianças no planeamento urbano participativo

perceções institucionais a partir dos municípios de Almada e Sintra

Autores

  • Sara Calado Gonzalez Centro de Administração e Políticas Públicas - ISCSP
  • Ricardo Cunha Dias Centro de Administração e Políticas Públicas - ISCSP
  • Paulo Castro Seixas Centro de Administração e Políticas Públicas - ISCSP https://orcid.org/0000-0001-9209-8188

Palavras-chave:

planeamento urbano participativo, crianças, perceções institucionais

Resumo

Este texto analisou as perceções institucionais sobre a participação das crianças no planeamento urbano municipal. Metodologicamente, a pesquisa adotou uma estratégia qualitativa através da realização de 7 entrevistas com atores políticos e técnicos dos Municípios de Almada e Sintra ligados ao planeamento urbano, as quais foram depois alvo de uma análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que os atores municipais ainda percecionam muito as crianças num paradigma de dependência, em que o brincar e o cuidar são os principais direitos à cidade reconhecidos, não havendo, por via de uma participação efetiva no planeamento urbano, uma articulação com direitos cívicos e políticos. Assim, ao mesmo tempo que a importância de incluir a participação das crianças no planeamento urbano faz já parte do discurso institucional, a partilha de poder e responsabilidade nas decisões não é ainda visível nos projetos existentes, evidenciando uma problemática entre o paradigmático (a criança como um sujeito de direitos) e o pragmático (a criança como instrumento geralmente de performance política ou no máximo de consulta e informação).

Referências

Alfageme, E., Cantos, R. & Martinez, M. (2003). De la participación al protagonismo infantil. Madrid: Plataforma de Organizaciones de Infancia.

Arent, H. (1958). The Human Condition. Chicago: University of Chicago Press.

Ariès, P. (1978). História social da infância e da família. Rio de Janeiro: LCT.

Arnstein, S. R. (1969). A ladder of citizen participation. Journal of the American Planning Association, 35(4), 216–224.

Bardin, L. (2011 [1977]). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bernard, H. R. (2006). Research Methods in Anthropology. Qualitative and Quantitative Approaches. Lanham: Altamira Press.

Borja, J. & Zaida, M. (2003). El espacio público: ciudad y ciudadanía. Barcelona: Electa.

Campbell, H. & Marshall, R. (2000). Public involvement and planning: looking beyond the one to the many. International Planning Studies, 5(3), 321–344.

Chawla, L. & Malone, K. (2003). Neighborhood quality in children´s eyes. In P. Christensen & M. O´Brien (Ed.), Children in the City (pp. 118–141). London: Routledge Falmer.

Christensen, J. H., Mygind, L., & Bentsen, P. (2015). Conceptions of place: approaching space, children and physical activity. Children's Geographies, 13(5), 589–603.

Cohen, B. (2015). The 3 Generations of Smart Cities: Inside the development of the technology driven city. FastCompany. https://www.fastcompany.com/3047795/the-3-generations-of-smart-cities.

Correia, N., Carvalho, H., Durães, J., & Aguiar, C. (2020). Teachers’ ideas about children’s participation within Portuguese early childhood education settings. Children and Youth Services Review, 111, 104845.

Couper, L. (2011). Putting play back into the Playground. Kairaranga, 12(1), 37–42.

Crowley, P. (1998). Participación infantil: Para una definición del marco conceptual. In P. Crowley, La participación de niños y adolescentes en el contexto de la Convención sobre los derechos del niño: visiones y perspectivas (9–16). Bogotá: UNICEF.

Cunningham, C. J. & Jones, M. A. (1999). The Playground: a confession of failure. Built Environment, 25(1), 11–17.

Cussianovich, A. & Marquez, A. M. (2002). Hacia una participación protagónica de los niños, niñas y adolescentes. Oficina Regional para América del Sur: Save the Children.

Dale, E. (2019). Anopticism: Invisible Populations and the Power of Not Seeing. International Journal of Historical Archaeology, 23, 596–608.

Francis, M. & Lorenzo, R. (2002). Seven Realms of Children´s Participation. Journal of Environmental Psycology, 22, 157–169.

Freeman, C., Henderson, P. & Kettle, J. (1999). Children and professionals. In C. Freeman, P. Henderson & J. Kettle, Planning with children for better communities (pp. 79–94). Bristol: The Policy Press.

Freeman, C. & Aitken-Rose, E. (2005). Future Shapers: children, young people, and planning in New Zealand local government. Environment and Planning, 23, 227–246.

Fortuna, C. (2002). Culturas urbanas e espaços públicos: Sobre as cidades e a emergência de um novo paradigma sociológico. Revista Critica de Ciências Sociais, 63, 23–148.

Gehl, J. (2011[1971]). Life Between Buildings. Washington: Island Press.

Goffman, E. (1983). Apresentação do eu na vida de todos os dias. Lisboa: Relógio d’Agua.

Golobič, M. (1999). Children in the city. Urbani Izziv, 10(1), 121–124.

Hammarberg, T. (1990). The UN Convention on the Rights of the Child and How to Make It Work. Human Rights Quarterly, 12(1), 97–105.

Hart, R. (1992). Children´s Participation: from tokenism to citizenship. Innocenti Essays, 4, 3–38.

Hart, R. (2002). Containing children: some lessons on planning for play from New York City. Environment & Urbanization, 12(2), 135-148.

Harvey, D. (1973). Social Justice and the City. Oxford: Blackwell.

Jacobs, J. (2000[1961]). The Death and Life of Great American Cities. London: Pimlico.

Lefebvre, H. (1991 [1968]). O Direito à Cidade. São Paulo: Centauro Editora.

Lofland, L. (1998) The Public Realm: Exploring the City’s Quintessential Social Territory. Nova Iorque: Aldine de Gruiter.

Lopes, L., Correia, N., & Aguiar, C. (2016). Implementação do direito de participação das crianças em contexto de jardim de infância: As perceções dos educadores. Revista Portuguesa de Educação, 29(2), 81–108.

Malone, K. (n.d.). Amigo de la Infancia - Investigación con los niños y las niñas en La Paz. Bolivia: Center for Educational Research of Western Sydney.

Maricato, E. (2015). Para Entender a Crise Urbana. São Paulo: Expressão Popular.

Matthews, H. (2003). Children and Regeneration: Setting an Agenda for Community Participation and Integration. Children & Society, 17, 264-276.

McMellon, C., & Tisdall, E.K.M. (2020). Children and Young People’s Participation Rights: Looking Backwards and Moving Forwards, The International Journal of Children's Rights, 28(1), 157–182.

Montà, C.C. (2021). The meanings of ‘child participation’ in international and European policies on children(’s rights): A content analysis. European Educational Research Journal, 1-17.

Morsolin, C. (2013). Protagonismo Infantil y Trabajo de los Niños, Niñas y Adolescentes en Argentina: ¿es posible construir un paradigma movimientista?. Rayuela, 8, 48–59.

Nambisan, S. & Nambisan, P. (2013). Engaging Citizens in Co-Creation in Public Services - Lessons Learned and Best Practices. Collaboration Across Boundaries Series, IBM Center for The Business of Government.

Oakley, A. (1994). Women and Children first and last: parallels and differences between children´s and women´s studies. In B. Mayall (Ed.), Children´s Childhoods: observed and experienced (pp. 13–32). Bristol: The Falrmer Press,

O´Brien, M. (2003). Regenerating children´s neighborhoods what do children want?. In P. Christensen & M. O´Brien (Ed.), Children in the City (pp. 142-16). Londres: RoutledgeFalmer.

Pintaudi, S. M. (2004). Participação Cidadã e Gestão Urbana. Cidades, 1(2), 169–180.

Prout, A. & James, A. (1997). A New Paradigma for the Sociology of Childhood? Provenance, Promise and Problems. In A. James & Prout, A. (Ed.). Constructing and Reconstructing Childhood. Londres: Falmer Press.

Rasmussen, K. (2004). Places for children, children´s places. Childhood, 11(2), 155-173.

Russel, B. H. (2006). Research Methods in Anthropology - Qualitative and Quantitative Approaches. Oxford: Altamira Press.

Sarmento, M. J., Fernandes, N. & Tomás, C. (2007). Políticas Públicas e Participação Infantil. Educação, Sociedade & Culturas, 25, 183–206.

Shier, H. (2001). Pathways to Participation: openings, opportunities and obligations. Children & Society, 15, 107–117.

Soares, N. F. (2005). Infância e Direitos: participação das crianças nos contextos de vida (Dissertação de Doutoramento Não Publicada), Universidade do Minho.

Spradley, J. P. (1979). The ethnographic interview. New York: Holt Rinehart & Winston.

Tonucci, F. (2009). A Cidade das Crianças. Lisboa: Faktoria K de Livros.

Wyness, M., Harrison, L. & Buchanan, I. (2004). Childhood, Politics and Ambiguity: towards an agenda for children´s political inclusion. Sociology, 38(1), 81–99.

Yin, K. R. (1993). Application of Case Study Research. California: Sage Publication.

Zeiher, H. (2003). Shaping daily life in urban environments. In: Christensen, P. & O'Brien, M. (Eds.), Children in the city: home, neighborhood and community (pp. 66-68). London: Routledge Falmer.

Downloads

Publicado

2022-06-15

Edição

Secção

Artigo