Fantoches e Cavalos de Tróia? Instrumentalização das autoridades tradicionais em Angola e Moçambique

Autores

  • Aslak Orre Chr. Michelsen Institute - Bergen

Palavras-chave:

Autoridade tradicional, Estado, Administração local, Angola, Moçambique

Resumo

Neste artigo pretende-se analisar de forma comparativa o processo de integração política das autoridades tradicionais no seio das máquinas estatais em Angola e Moçambique. Analisando as diversas tentativas impostas pelos dois Estados no sentido da abolição ou instrumentalização das autoridades tradicionais, a questão que se nos coloca é: são as autoridades tradicionais fantoches ou cavalos de Tróia?

Referências

Åkesson, G; Nilsson, A. (2006). National governance and local chieftaincy. A multi-level power assessment of Mozambique from a Niassa perspective. Maputo, SIDA.

Bertelsen, B. E. (2007). “Violence, sovereignty and tradition. Understanding death squads and sorcery in Chimoio, Mozambique”, in A. M. Guedes e M. J. Lopes (org.), State and traditional law in Angola and Mozambique. Coimbra, Almedina.

Blom, A. B. (2002). Beyond despotism. An analysis of the constitution of chiefs’ authority through land dispute processes in Angónia district, Central Mozambique. Institute of Geography and International Development Studies, Roskilde, Roskilde University.

Boone, C. (2003). Political topographies of the African state: Territorial authority and institutional choice. Cambridge, Cambridge University Press.

Buur, L.; Kyed, H. M. (2007). State recognition and democratization in Sub-Saharan Africa: A new dawn for traditional authorities?. Nova Iorque, Palgrave Macmillan.

Buur, L.; Kyed, H. M. (2006). “Contested sources of authority. Re-claiming state sovereignty by formalizing traditional authority in Mozambique”, Development and Change, 37 (4), 847-69.

Buur, L.; Kyed, H. M. (2005). “State recognition of traditional authority in Mozambique - The nexus of community representation and state assistance”, Discussion Paper nº 28. Upsala, Nordiska Afrikainstitutet.

Carvalho, C. (2004). “Local authorities or local power? The ambiguity of traditional authorities from the colonial to the post-colonial period in Guinea-Bissau”, Lusophone Africa: Intersections between the Social Sciences. Institute of African Studies, Cornell University.

Carvalho, C. (2000). “A revitalização do poder tradicional e os regulados manjaco da Guiné-Bissau”, Etnográfica, 1 (4), 37-59.

Convery, I. (2006). “Lifescapes & governance: The régulo system in Central Mozambique”, Review of African Political Economy, 109, 449-466.

Costa Dias, E. (2003). “Marabouts, reformadores do Islão e política nos países senegâmbianos”, in I. C. Henriques (org.), Novas relações com África: Que perspectivas? Lisboa, Vulgata, 135-146.

Costa Dias, E. (2002). “Estado, política e dignitários político-religiosos: O caso senegâmbiano”, Cadernos de Estudos Africanos, 1.

Faria, F; Chichava, A. (1999). Descentralização e cooperação descentralizada em Moçambique. Document de réflexion n.º 12. Maastricht, ECDPM.

Feliciano, J. F. (2003). “A eficácia simbólica nos sistemas de saúde em Moçambique (tradicionais e hospitalares)”, Cadernos de Estudos Africanos, 4, 121-134.

Feliciano, J. F. (1998). Antropologia económica dos Thonga de Moçambique. Maputo, Arquivo Histórico de Moçambique.

Florêncio, F. (2006). As autoridades tradicionais do Mbailundo e o Estado angolano. Lisboa (inédito).

Florêncio, F. (2005). Ao encontro dos Mambos. Autoridades tradicionais vaNdau e o Estado em Moçambique. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.

Geffray, C. (1990). La cause des armes au Mozambique. Anthropologie d’une guerre civile. Paris, Karthala.

Gomes, A. J. (2002). Os sobas. Apontamentos etno-históricos sobre os ovimbundu de Benguela. Benguela/Lobito, Self.

Gonçalves, E. (2006). “Local powers and decentralisation: Recognition of community leaders in Mocumbi, Southern Mozambique”, Journal of Contemporary African Studies, 24.

Government of Mozambique (2000). Decreto nº 15/2000 – estabelece as formas de articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias. Conselho de Ministros, 15/2000.

Governo de Angola (1980). Lei dos órgãos do Estado a nível provincial, municipal, comunal e de povoação. 3-A/80 de 22 de Março.

Governo de Angola (1986). Resolução nº 2/86 – sobre o uso do fardamento a utilizar pelas autoridades tradicionais. Conselho de Ministros, 2/86 de 27 de Dezembro.

Governo de Angola (1999). Decreto-lei nº 17/99 – Orgânica dos governos provinciais e das administrações dos municípios e das comunas. Conselho de Ministros, 17/99 de 29 de Outubro.

Governo de Moçambique (2003). (LOLE) Lei dos Órgãos Locais do Estado. Law 8/2003 and its 2005 regulation in the ministerial decree 11/2005. Maputo, Ministério de Administração Estatal.

Kyed, H. M. (2007). “The politics of policing: Re-capturing ‘zones of confusion’ in rural post-war Mozambique”, in L. Buur, S. Jensen e F. Stepputat, The security development nexus. Expressions of sovereignty and securitization in Southern Africa. Upsala e África do Sul, Nordic Africa Institute e HSRC Press.

Kyed, H. M.; Buur, L. (2006a). “New sites of citizenship: Recognition of traditional authority and group-based citizenship in Mozambique”, Journal of SouthernAfrican Studies, 32 (3), 563-581.

Kyed, H. M.; Buur, L. (2006b). Recognition and democratisation – ‘New roles’ for traditional leaders in Sub-Saharan Africa. Copenhaga, DIIS.

Leclerc-Olive, M. (1977). “Espaces ‘métisses’ et légitimité de l’état: L’expérience malienne”, Les avatars de l’état en Afrique. Paris, Karthala.

Lourenço, V. A. (2006). Mfumo e (ti)hosi. Figuras do político em Moçambique. Lisboa, Associação de Estudos Rurais.

Macamo, E.; Neubert, D. (2004). “When the post-revolutionary state decentralises: The reorganisation of political structures and administration in Mozambique”, Cadernos de Estudos Africanos, 5/6.

Mamdani, M. (1996). Citizens and subjects. New Jersey, Princeton University Press.

Manuel, T. (2004). A terra, tradição e poder - Contribuição ao estudo etno-histórico da Ganda. Benguela/Lobito, KAT - Formação e Consultoria.

Marques Guedes, A. (2007). “The state and ‘traditional authorities’ in Angola: Mapping issues”, in A. Marques Guedes e M. J. Lopes (org.), State and traditional law in Angola and Mozambique. Coimbra, Almedina.

Marques Guedes, A. (2005). Sociedade civil e Estado em Angola - O Estado e a sociedade civil sobreviverão um ao outro?. Coimbra, Almedina.

Marques Guedes, A. (2003). Pluralismo e legitimação. A edificação jurídica pós-colonial de Angola. Coimbra, Almedina.

Marques Guedes, A.; Lopes, M. J. (org.) (2007). State and traditional law in Angola and Mozambique. Coimbra, Almedina.

Migdal, J. S. (2001). State in society. Studying how states and societies transform and constitute one another. Cambridge, Cambridge University Press.

Neto, M. d. C. (2002). “Do passado para o futuro - Que papel para as autoridades tradicionais?”, A constituição angolana - Temas e debates. Luanda, Universidade Católica de Angola (UCAN), Friedrich Ebert Stiftung & National Democratic Institute, 245-269.

Oomen, B. (2002). “ ‘Walking in the middle of the road’: People’s perspectives on the legitimacy of traditional leadership in Sehukhune, South Africa”. Leiden, African Studies Centre (comunicação apresentada no seminário de investigação Popular Perceptions on Traditional Authority in South Africa).

Oomen, B. (2000). “ ‘We must now go back to our history’: Retraditionalisation in a Northern province chieftancy”, African Studies, 59 (1), 71-95.

Orre, A. (2007). “Integration of traditional authorities in local governance in Mozambique and Angola - The context of decentralization and democratisation”, in A. Marques Guedes e M. J. Lopes (org.), State and traditional law in Angola and Mozambique, 139-199.

Pacheco, F. (2006). “The role of external development actor in post-conflict scenarios - The case of Angola” (inédito). ADRA - Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, 1-2.

Rathbone, R. (2001). “Review: Rethinking chieftaincy in Africa”, The Journal of African History, 42 (1), 166-167.

Rouveroy van Nieuwaal, E. A. V. von (2005). “West African chieftaincy - Or how I became ‘Mr. Chiefs’ ”- com referência a alguns filmes documentários. Apresentação no SEF International Symposium 2005. Bona, Deutsche Welle.

Rouveroy van Nieuwaal, E. A. V. von (1999). “Chieftaincy in Africa: Three facets of a hybrid role”, in E. A. V. von Rouveroy van Nieuwaal e R. van Dijk (eds.), African chieftaincy in a new socio-political landscape. Hamburgo, Lit Verlag.

Rouveroy van Nieuwaal, E. A. V. von (1996). “States and chiefs: Are chiefs mere puppets?”, Journal of Legal Pluralism and Unofficial Law, 37/38, 39-78.

Salih, M. M.; Nordlund, P. (2007). Political parties in Africa: Challenges for sustained multiparty democracy. Estocolmo, IDEA.

Sousa Santos, B. de (2003). “O Estado heterogéneo e o pluralismo jurídico”, in B. de Sousa Santos e J. C. Trindade (org.), Conflito e transformação social: Uma paisagem das justiças em Moçambique. Porto, Afrontamento.

Sousa Santos, B. de (2006). “The heterogeneous state and legal pluralism in Mozambique”, Law and Society Review, 40 (1).

Sousa Santos, B. de; Trindade, J. C. (org.) (2003). Conflito e transformação social: Uma paisagem das justiças em Moçambique. Porto, Afrontamento.

Trotha, T. von (1996). “From administrative to civil chieftaincy. Some problems and prospects of African chieftaincy”, Journal of Legal Pluralism and Unofficial Law, 37/38, 79-107.

Tvedten, I.; Paulo, M., et al. (2006). “Opitanha”. Social relations of rural poverty in Northern Mozambique. Bergen, CMI.

UNDP (2003). Estudo sobre a macro-estrutura da administração local. Luanda, United Nations Development Programme.

Vines, A.; Shaxson, N., et al. (2005). Drivers of change - Position paper 2: Politics. Londres, The Royal Institute of International Affairs.

West, H. G. (2005). Kupilikula - Governance and the invisible realm in Mozambique. Londres, University of Chicago Press.

West, H. G.; Kloeck-Jenson, S. (1999). “Betwixt and between: ‘Traditional authority’ and democratic decentralization in post-war Mozambique”, African Affairs, 98 (393), 455-484.

Downloads

Publicado

2016-02-19