Guiné-Bissau: a causa do nacionalismo e a fundação do PAIGC

Autores

  • António E. Duarte Silva Tribunal Constitucional e Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, UNL, Lisboa

Palavras-chave:

Guiné-Bissau, nacionalismo, PAIGC, movimento de libertação

Resumo

No pós-guerra, uma linha reformista liderada pelo Governador Sarmento Rodrigues ten­tou fazer da Guiné uma «colónia-modelo», assente na autonomia administrativa, no desenvol­vimento económico-social e na aliança com os indígenas muçulmanos. Foi um período de con­solidação do aparelho colonial e de coesão social. No início dos anos cinquenta o Governo por­tuguês começou a prevenir-se contra a descolonização, revogando o Acto Colonial, instalando a polícia política e investigando os movimentos associativos. Na Guiné, revelaram-se as pri­meiras perspectivas de independência política, mas a subversão não veio do exterior nem foi desencadeada por associações influenciadas pelo Islão; começou em Bissau, liderada por uma elite política urbana e crioula, enquanto, na Europa, se tentava um movimento unitário de libertação das colónias portuguesas. Em 1959, dois acontecimentos históricos vão levar à pas­sagem da agitação nacionalista para uma luta de libertação nacional. Por um lado, o «massa­cre do Pindjiguiti», de que se faz aqui uma investigação sistemática, assente em documentos e depoimentos inéditos ou pouco divulgados; por outro, a reunião alargada de 19 de Setembro, «a mais decisiva» (Amílcar Cabral) da história do PAIGC. Considerando a formação do movi­mento de libertação nacional como um processo, vê-se, por fim, como só em 1960, após a II Conferência Pan-Africana, de Tunes, e a «Conferência de Quadros das Organizações Nacionalistas», de Dacar, se pode considerar concluída a fundação do PAIGC.

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Publicado

2016-02-24

Edição

Secção

Artigos