Campos de batalha da cidadania no Norte de Moçambique

Autores

Palavras-chave:

guerra civil, Moçambique, cidadania, reconciliação

Resumo

Durante muitos anos, a ideia de que a guerra civil que assolou Moçambique era conduzida por um exército mercenário ao serviço de interesses externos foi considerada inquestionável, desconhecendo-se que a Renamo possuía uma base social de apoio rural e que a produção agrícola constituía uma das fontes de financiamento da guerra. Após a independência, o partido-Estado Frelimo provocou uma desestruturação social, económica, política e cultural das sociedades rurais, conduzindo um projecto de desenvolvimento e de construção da nação autoritário e centralizado, que pôs em causa direitos fundamentais de cidadania. A adesão à guerra  de parte da população pode assim ser interpretada como uma tentativa de conquista desses direitos. Neste trabalho, através de dois estudos de caso contrastantes, pretende-se revelar as estratégias de reprodução social e económica que permitiram a sobrevivência das popula ções durante o conflito e a posterior reconstrução, mas também as múltiplas formas que a afirmação dos direitos de cidadania pode encobrir.

Referências

J. ALEXANDER, 1997, «The local state in post-war Mozambique: political practice and ideas about authority», Africa, 67. (1), pp. 1-26.

DOI : 10.2307/1161268

D. ARTUR & B. WEIMER, 1998, «Decentralization and democratisation in post-war Mozambique: What role for traditional African authority in local government reform?», paper presented at the 14th Congress of the International Union of Anthropological and Ethnological Sciences, Williamburg, USA.

J-F. BAYART, P. GESCHIERE & F. NYAMNJOH, 2001, «Autochtonie, démocratie et citoyenneté en Afrique», Critique Internationale, 10, pp. 177-194.

J. BRAIN, 1982, «Witchcraft and development», African Affairs, 324, pp. 371-407.

M. CRAITH, 2004, «Culture and Citizenship in Europe. Questions for anthropologists», Social Anthropology, 12 (3), pp. 289-300.

F. FLORÊNCIO, 2002, «Identidade étnica e práticas políticas entre os vaNdau de Moçambique», Cadernos de Estudos Africanos, 3, pp. 40-63.

DOI : 10.4000/cea.1085

F. FLORÊNCIO, 2005, Ao encontro dos mambo vaNdau: autoridades tradicionais e estado em Moçambique, ICS, Lisboa, (in press).

P. FRY, 2000, «Cultures of difference. The aftermath of Portuguese and British colonial policies in southern Africa», Social Anthropology, 8 (2), pp. 117-143.

C. GEFFRAY, 1990, Nem pai nem mãe: crítica do parentesco, o caso Macua, Lisboa, Afrontamento.

C. GEFFRAY, 1991, A causa das armas: antropologia da guerra contemporânea em Moçambique, Lisboa, Afrontamento.

A. HONWANA, 2003a, Espíritos vivos, tradições modernas: possessão de espíritos e reintegração social pós-guerra no sul de Moçambique, Lisboa, Ela por Ela.

A. HONWANA, 2003b, «Undying past: spirit possession and the memory of war in southern Mozambique», in B. MEYER & P. PELS (eds.), Magic and modernity: interfaces of revelation and concealment, Stanford, Stanford University Press.

INE, 1997, Anuário Estatístico: Província de Niassa, Maputo, INE.

F. KULLIPOSSA & B. WEIMER, 2000, Decentralization and sustainable livelihoods in Mozambique: a profile of some key features, report submitted to the Institute of Development Studies, Brighton, United Kingdom.

J. P. LEDERACH, 1994, Building peace and sustainable reconciliation in divided societies, paper submitted to United Nations University, Tokyo, November 1994.

M. MAMDANI, 1996, Citizen and subject: Contemporary Africa and the legacy of late colonialism, Princeton, Princeton University Press.

T. MARSHALL & T. BOTTOMORE, 1992, Citizenship and the social class, London, Pluto Press.

O. ROESCH, 1993, «Farmers war and «tradition» in central Mozambique», paper prepared for the symposium Symbols of change: trans-regional culture and local practice in southern Africa, Free University of Berlin, January 7-10, 1993.

G. SEIBERT, 2003, «The vagaries of violence and power in post-colonial Mozambique», in J. ABBINK et al. (eds.), Rethinking resistance: revolt and violence in African history, Leiden, Brill, pp. 253-276.

M. P. TEMUDO, 2002, «The erosion of local practices of post-harvest management in times of war: A case study from the North of Mozambique», in IOBC Bulletin, 25 (3), pp. 259-267.

M. P. TEMUDO & A. ARVÉOLA, 2002, Questions about Evaluation methodologies in rural development projects: Case studies from Guinea-Bissau and Mozambique, in http://www.eoropeanevaluation.org/docs/TEMUDO.pdf.

B. WEIMER & S. Fandrych, 1999, «Mozambique: administrative reform: A contribution to peace and democracy?», in P.S. REDDY (ed.), Local Government democratization and decentralization: a review of the Southern African region, Cape Town, Juta and Co Ltd., pp. 151-177.

K. B. WILSON, 1991, War, displacement, social change and the re-creation of community: an exploratory study in Zambezia, Mozambique: Preliminary report of a field study in Milange district, University of Oxford, Refugee Studies Programme.

A. YAÑES CASAL, 1988, «A crise da produção familiar e as aldeias comunais em Moçambique», in Revista Internacional de Estudos Africanos, 8-9, pp. 157-190.

A. YAÑES CASAL, 1996, Antropologia e desenvolvimento: As aldeias comunais em Moçambique, Lisboa, IICT.

Downloads

Publicado

2016-02-25

Edição

Secção

Artigos