Administração de soros - Que direção?

Autores

  • Sara Vaz Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa; Serviço de Pediatria, Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira http://orcid.org/0000-0003-4964-2429
  • Sofia Cochito Sousa Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Francisco Abecasis Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa http://orcid.org/0000-0002-1883-050X
  • Leonor Boto Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Joana Rios Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Cristina Camilo Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa http://orcid.org/0000-0001-9619-9744
  • Marisa Vieira Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v27.i4.13698

Palavras-chave:

Acidose metabólica, Equilíbrio ácido-base, Equilíbrio hidro-eletrolítico, Hipercloremia, Hiponatremia, Soro

Resumo

Introdução: A utilização de soros para hidratação endovenosa é uma prática comum em idade pediátrica, não sendo isenta de riscos.
Métodos: Este foi um estudo de coorte retrospetivo que incluiu todas as crianças admitidas para recobro cirúrgico com necessidade de hidratação endovenosa numa Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, entre janeiro e dezembro de 2015. Foram registados os valores de sódio, cloro e excesso de bases em dois períodos: após a cirurgia e durante o internamento na Unidade.
Resultados: Foram incluídas 207 crianças, 66% das quais do sexo masculino, com idade mediana de 6,7 anos. Os soros utilizados foram soro fisiológico, NaCl 0,45% com 5% de dextrose e polieletrolítico. Os soros mais frequentemente utilizados foram polieletrolítico (62%) e soro fisiológico (48%) no bloco operatório e soro fisiológico (63%) e NaCl 0,45% (44%) na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. No bloco operatório, a utilização de soro fisiológico traduziu-se em valores medianos de cloro mais elevados e valores de excesso de bases (acidose metabólica) mais negativos do que os observados com soro polieletrolítico. Na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, a administração de soro fisiológico conduziu a hipercloremia (p=0,002) e acidose metabólica mais pronunciada (p=0,019) do que o observado com NaCl 0,45%. Não foi observada uma associação estatisticamente significativa entre o tipo de soro utilizado e os valores de sódio registados.
Discussão: Este estudo demonstra que a utilização de soro fisiológico se associa ao desenvolvimento de acidose hiperclorémica. Tal sugere que a substituição de soro fisiológico por um soro com valores de eletrólitos semelhantes ao plasma poderá ter benefícios para o doente.

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Biografias Autor

Sara Vaz, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa; Serviço de Pediatria, Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira

 

Sofia Cochito Sousa, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

                 

Francisco Abecasis, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

               

Leonor Boto, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

             

Joana Rios, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

           

Cristina Camilo, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

         

Marisa Vieira, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte; Centro Académico de Medicina de Lisboa

       

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Publicado

2018-12-28

Como Citar

1.
Vaz S, Sousa SC, Abecasis F, Boto L, Rios J, Camilo C, Vieira M. Administração de soros - Que direção?. REVNEC [Internet]. 28 de Dezembro de 2018 [citado 19 de Julho de 2024];27(4):11-6. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/13698

Edição

Secção

Artigos Originais