“Como me sinto neste corpo”
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i2.25430Palavras-chave:
anorexia nervosa, autorrelato, bulimia nervosa, perturbação do comportamento alimentar, motivação para a mudança, psicopatologiaResumo
Introdução: As perturbações do comportamento alimentar (PCA) estão entre as doenças crónicas mais comuns na população adolescente e o seu percurso e desfecho são por vezes graves. Os objetivos deste estudo foram (i) avaliar a presença de psicopatologia na população adolescente com PCA; (ii) investigar a associação entre psicopatologia e gravidade da doença; e (iii) avaliar se a presença de psicopatologia e a gravidade do quadro de PCA são fatores preditivos de motivação para o auto-tratamento.
Material e Métodos: A amostra para este estudo foi composta por 43 adolescentes com idades entre os 12 e os 18 anos a frequentar uma consulta de PCA e com diagnóstico de perturbação da alimentação e da ingestão de acordo com os critérios da DSM-5. Os participantes preencheram vários questionários de autorrelato, nomeadamente o Youth Self-Report (YSR), Eating Disorder Examination Questionnaire (EDE-Q, 4th ditions) e questionários de motivação (Anorexia Nervosa Stages of Change Questionnaire- ANSOCQ; Bulimia Nervosa Stages of Change Questionnaire – BNSOCQ).
Resultados: A amostra consistiu em 42 adolescentes do sexo feminino (97,7%) e um do sexo masculino (2,3%). A idade média foi de 14,65 anos (desvio padrão 1,73), e 72,1% tinham sido diagnosticados com anorexia nervosa. O modelo testado para avaliar se a motivação para o auto-tratamento podia ser prevista pela presença de psicopatologia e gravidade do quadro de PCA foi significativo, mas apenas a gravidade do quadro de PCA (EDE-Q) foi um preditor estatisticamente significativo. A associação entre os resultados do YSR (Escala Total) e da EDE-Q Total também foi significativa.
Conclusão: Como previsível, o modelo concluiu que um maior grau de perturbação do comportamento alimentar (avaliado pelo EDE-Q) era indicativo de menor motivação para o auto-tratamento. Embora fosse expectável que índices mais elevados de psicopatologia influenciassem negativamente a motivação para a mudança, tal não se observou neste estudo.
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