Inibidores seletivos de recaptação da serotonina e risco de suicídio numa amostra portuguesa de adolescentes

Autores

  • Nuno Duarte Departamento de Saúde Mental e Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central https://orcid.org/0000-0001-7350-3168
  • Sarah Amaral Departamento de Saúde Mental e Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central https://orcid.org/0000-0003-0610-1331
  • Marta Abrantes Departamento de Saúde Mental e Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central https://orcid.org/0000-0002-7662-8094

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i3.29052

Resumo

Introdução: A adolescência está associada a um risco elevado de perturbações depressivas, sendo o suicídio uma das principais causas de morte nesta faixa etária globalmente. Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (SSRIs) são a única terapêutica farmacológica aprovada internacionalmente neste contexto, apesar das preocupações com o risco de suicídio.
Objetivos: Este estudo procurou identificar a relação entre o uso de antidepressivos e o risco de suicídio numa amostra de adolescentes com sintomas depressivos seguidos numa Unidade de Psiquiatria da Adolescência em Lisboa, Portugal.
Métodos: Foram analisados os processos clínicos de 296 doentes com sintomatologia depressiva em seguimento na consulta de Psiquiatria da Adolescência. Foram obtidas duas amostras demográfica e clinicamente semelhantes, uma exposta a tratamento com SSRIs e outra sem exposição aos fármacos (grupo controlo).
Resultados: Os resultados revelaram um risco de suicídio de 0.006 no grupo exposto aos psicofármacos e 0.025 no grupo controlo, correspondente a um risco relativo de suicídio de 0.248. Esta diferença não foi estatisticamente significativa, apesar do fator de Bayes de 4.57 e do r de Pearson de -0.078.
Conclusões: Os resultados sugerem que os SSRIs não aumentam o risco de tentativa de suicídio entre adolescentes com sintomas depressivos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Adolescent health. Accessed July 11, 2022. https://www.who.int/health-topics/adolescent-health#tab=tab_1.

Suicide worldwide in 2019. Accessed July 16, 2022. https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643.

Kessler RC, Berglund P, Demler O, Jin R, Merikangas KR, Walters EE. Lifetime prevalence and age-of-onset distributions of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication. Arch Gen Psychiatry. 2005;62(6):593-602. doi: https://doi.org/10.1001/ARCHPSYC.62.6.593.

Cousins L, Goodyer IM. Antidepressants and the adolescent brain. J Psychopharmacol. 2015;29(5):545-555. doi: https://doi.org/10.1177/0269881115573542.

Fazel S, Runeson B. Suicide. Ropper AH, ed. https://doi.org/101056/NEJMra1902944. 2020;382(3):266-74. doi:10.1056/NEJMRA1902944.

American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: DSM-5. 5th ed. (American Psychiatric Association, ed.).; 2013.

ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics. Accessed July 11, 2022. https://icd.who.int/browse11/l-m/en.

Recommendations | Depression in children and young people: identification and management | Guidance | NICE. Accessed July 11, 2022. https://www.nice.org.uk/guidance/ng134/chapter/Recommendations#steps-4-and-5-managing-moderate-to-severe-depression.

CMS. Antidepressant Medications: U.S. Food and Drug Administration-Approved Indications and Dosages for Use in Pediatric Patients. Accessed July 11, 2022. https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2014/087846s028.pdf.

Lagerberg T, Fazel S, Sjölander A, Hellner C, Lichtenstein P, Chang Z. Selective serotonin reuptake inhibitors and suicidal behaviour: a population-based cohort study. Neuropsychopharmacol 2021 474. 2021;47(4):817-23. doi: https://doi.org/10.1038/s41386-021-01179-z.

Sørensen JØ, Rasmussen A, Roesbjerg T, Verhulst FC, Pagsberg AK. Suicidality and self-injury with selective serotonin reuptake inhibitors in youth: Occurrence, predictors and timing. Acta Psychiatr Scand. 2022;145(2):209-22. doi: https://doi.org/10.1111/ACPS.13360.

Teicher MH, Glod C, Cole JO. Emergence of intense suicidal preoccupation during fluoxetine treatment. Am J Psychiatry. 1990;147(2):207-10. doi: https://doi.org/10.1176/AJP.147.2.207.

Friedman RA. Antidepressants’ Black-Box Warning — 10 Years Later. N Engl J Med. 2014;371(18):1666-8. doi: https://doi.org/10.1056/NEJMP1408480/SUPPL_FILE/NEJMP1408480_DISCLOSURES.PDF.

Portal do INE. Accessed July 16, 2022. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0003736.

– Sem Mais Tempo a Perder: Saúde Mental em Portugal – Um desafio para a próxima década - CNS. Accessed July 16, 2022. https://www.cns.min-saude.pt/2019/12/16/sem-mais-tempo-a-perder-saude-mental-em-portugal-um-desafio-para-a-proxima-decada/.

Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa: Análise da evolução do consumo de ansiolíticos e antidepressivos em Portugal continental entre 2010 e 2020. Accessed July 16, 2022. https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/10877.

Beard E, Dienes Z, Muirhead C, West R. Using Bayes factors for testing hypotheses about intervention effectiveness in addictions research. Addiction. 2016;111(12):2230. doi:10.1111/ADD.13501.

Zygo M, Pawłowska B, Potembska E, Dreher P, Kapka-Skrzypczak L. Prevalence and selected risk factors of suicidal ideation, suicidal tendencies and suicide attempts in young people aged 13-19 years. Ann Agric Environ Med. 2019;26(2):329-36. doi:10.26444/AAEM/93817.

Downloads

Publicado

2023-11-16

Como Citar

1.
Duarte N, Amaral S, Abrantes M. Inibidores seletivos de recaptação da serotonina e risco de suicídio numa amostra portuguesa de adolescentes. REVNEC [Internet]. 16 de Novembro de 2023 [citado 20 de Outubro de 2024];32(3):189-94. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/29052

Edição

Secção

Artigos Originais