Transplantação renal pediátrica: experiência de um centro

Autores

  • João Nascimento Serviço de Pediatria Médica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto.
  • Liliana Rocha Serviço de Nefrologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
  • Maria Sameiro Faria Serviço de Nefrologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
  • Paula Matos Serviço de Nefrologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
  • Teresa Costa Serviço de Nefrologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto
  • Maria Lassalete Martins Unidade de Transplantação do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto
  • Manuela Almeida Unidade de Transplantação do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto
  • Leonídio Dias Unidade de Transplantação do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto
  • Conceição Mota Serviço de Nefrologia Pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar do Porto; Unidade de Transplantação do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto
  • A. Castro Henriques Unidade de Transplantação do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Porto

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v24.i4.8476

Palavras-chave:

transplantação renal pediátrica, insuficência renal crónica terminal, sobrevida do enxerto

Resumo

Introdução: A insuficiência renal crónica terminal está associada a numerosas comorbilidades e a um aumento do risco de mortalidade cerca de 30 vezes superior à população pediátrica geral. O primeiro transplante renal bem sucedido em crianças foi realizado em 1954. Os progressos cirúrgicos e as novas terapêuticas imunossupressoras aumentaram a sobrevida dos doentes e do enxerto renal nos últimos anos.

Objectivos: Avaliação da experiência em transplantação renal em idade pediátrica do Centro Hospitalar do Porto nos últimos 30 anos.

Métodos: Estudo retrospetivo dos dados epidemiológicos e clínicos dos doentes pediátricos transplantados entre Janeiro de 1984 e Agosto 2013. Foi feita a análise da evolução temporal da atividade de transplantação através da comparação da sobrevida do enxerto por décadas de transplantação (1984-89 / 1990-99 / 2000-09 / 2010-13). Foi também comparada a sobre- vida do enxerto em dois grupos etários (0-10 anos ; 11-17 anos) à data da transplantação.

Resultados: Cento e trinta e nove doentes (58.3% - sexo masculino) foram submetidos a 147 transplantes renais (6.8% de dador vivo). As anomalias congénitas do rim e trato urinário (56.5%) e as glomerulonefrites (18.4%) foram as causas principais de insuficiência renal. A sobrevida do enxerto não censurada aos 5, 10, 15 e 20 anos foi 84.7%, 71.1%, 60.0% e 51.0% e a sobrevida do doente aos 5, 10, 15 e 20 anos foi 97.9%, 95.9%, 94.7% e 94.7%, respetivamente. A sobrevida do enxerto aumentou ao longo do tempo e a diferença entre as décadas foi estatisticamente significativa (p=0.004). Apesar da melhor sobrevida no grupo com idade superior a 11 anos, a diferença da sobrevida do enxerto entre os grupos etários não foi estatisticamente significativa (p=0.697).

Conclusão: Os resultados do Centro Hospitalar do Porto são comparáveis aos dos grandes centros de transplantação renal pediátrica. Observou-se uma melhoria dos resultados ao longo dos anos na nossa Unidade. A existência de um rigoroso processo de acompanhamento poderá ter ajudado a minimizar o impacto negativo da adolescência na sobrevida do enxerto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Massengill SF, Ferris M. Chronic kidney disease in children and adolescents. Pediatr Rev 2014; 35(1):16-29.

Dharnidharka VR, Fiorina P, Harmon WE. Kidney transplantation in children. N Engl J Med 2014; 371 (6):549-58.

Horslen S, Barr ML, Christensen LL, Ettenger R, Magee JC. Pediatric transplantation in the United States, 1996-2005. Am J Transplant 2007; 7:1339-58.

Schurman S, McEnery P. Factors influencing short-term and long-term pediatric renal transplantation survival. J Pediatr 1997; 130:455-6.

Roussey-Kesler G, Decramer S. Résultats de la transplantation rénale pédiatrique en France. Néphrologie & Thérapeutique 2011; 7:611-7.

Cochat P, Offner G. European best practices guidelines for renal transplantation (Part 2): Pediatrics (specific problems). Nephrol Dial Transplant 2002; 17:55-8.

Solez K, Colvin RB, Racusen LC et al. Banff 07 classification of renal allograft pathology: updates and future directions. Am J Transplant 2008; 8:753-60.

Branco F, Almeida F, Cavadas V, et al. Pediatric kidney transplantation: a single center experience with 134 procedures. Transplantation Proceedings 2013; 45:1057-9.

Gjertson DW, Cecka JM. Determinants of long-term survival of pediatric kidney grafts reported to the United Network for Organ Sharing kidney transplant registry. Pediatr Transplant 2001; 5:5-15.

Dharnidharka VR, Agodoa LY, Abbott KC. Effects of urinary tract infection on outcomes after renal transplantation in children. Clin J Am Soc Nephrol 2007; 2:100-6.

Macário F. Registo Português de transplantação renal 1980- 2014 – Gabinete de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia. Acessível em: http://www.spnefro.pt.

Afonso C, Mota C, Almeida M, Castro I. Registo Português de IRC Pediátrica em Tratamento de Substituição Renal (TSFR) 2013. Acessível em: www.spp.pt.

Registry of the European Society for Paediatric Nephrology and the European Renal Association and European Dialysis and Transplantation Association - ESPN/ERA-EDTA Annual report for 2012. Acessível em: http://www.espn-reg.org/ index.jsp?p=pua

Chesnaye N, Bonthuis M, Schaefer F, et al. Demographics of paediatric renal replacement therapy in Europe: a report of the ESPN/ERA-EDTA registry. Pediatr Nephrol 2014; 29 (12): 2403-10.

Smith JM, Martz K, Blydt-Hansen TD. Pediatric kidney transplant practice patterns and outcome benchmarks, 1987-2010: a report of the North American Pediatric Renal Trials and Collaborative Studies. Pediatr Transplant 2013; 17 (2):149-57.

Moudgil A, Dharnidharka VR, Lamb KE, Meier-Kriesche HU. Best allograft survival from Share-35 kidney donors occurs in middle-aged adults and young children – na analysis of OPTN data. Transplantation 2013; 95:319-25.

Gallinat A, Sotiropoulos GC, Witzke O, et al. Kidney grafts from donors ≤ 5yr of age: single kidney transplantation for pediatric recipients or en bloc transplantation for adults? Pediatr Transplant 2013; 17:179-84.

Sharma A, Fisher RA, Cotterell AH, King AL, Maluf DG, Posner MP. En bloc kidney transplantation from pediatric donors: comparable outcomes with living donor kidney transplantation. Transplantation 2011; 92:564-9.

Artigo 10 do Capítulo III da Lei 22/2007. Acessível em: página 4149 do Diário da República 1ª série – Nº 124 – 29 de Junho de 2007.

Lei 66/2007 (2ª série). Acessível em: Diário da República 2ª aérie – Nº 66 – 3 de Abril de 2007.

Cleper R, Bem Shalom E, Landau D, et al. Post-transplantation lymphoproliferative disorder in pediatric kidney-transplant recipients – a national study. Pediatr Transplantation 2012; 16: 619-26.

Bell LE, Bartosh SM, Davis CL, et al. Adolescent transition to adult care in solid organ transplantation: a consensus conference report. Am J Transplant 2008; 8:2230-427

Downloads

Publicado

2015-12-15

Como Citar

1.
Nascimento J, Rocha L, Faria MS, Matos P, Costa T, Martins ML, Almeida M, Dias L, Mota C, Henriques AC. Transplantação renal pediátrica: experiência de um centro. REVNEC [Internet]. 15 de Dezembro de 2015 [citado 1 de Julho de 2024];24(4):149-54. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/8476

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2