Preditores Morfológicos de Resposta ao Bevacizumab Intravítreo para Tratamento do Edema Macular Secundário a Oclusão Venosa da Retina

Autores

  • Carolina Madeira Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho, Espinho, Portugal
  • Ana Moleiro Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Gonçalo Godinho Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Susana Penas Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Catarina Pedrosa Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Manuel Falcão Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Elisete Brandão Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Fernando Falcão-Reis Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • João Beato Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.22578

Palavras-chave:

Bevacizumab, Edema Macular, Oclusão Venosa da Retina, Tomografia de Coerência Óptica

Resumo

INTRODUÇÃO: O nosso objetivo foi identificar preditores morfológicos de resposta anatómica e funcional a curto prazo ao tratamento do edema macular (EM) secundário a oclusão de ramo (OVRR) e da veia central da retina (OVCR) com bevacizumab.

MÉTODOS: Estudo retrospetivo de doentes com EM secundário a OVRR e OVCR sob tratamento mensal com injeções intravítreas de bevacizumab. Apenas doentes treatment naïve e com edema macular central com ≥305 μm nas mulheres ≥320 μm em homens na tomografia de coerência óptica (SD-OCT) (Heidelberg Spectralis OCT; Heidelberg Engineering, Heidelberg, Germany) foram incluídos. A resolução do EM foi definida como uma espessura macular central inferior a 300 μm e ausência de líquido intra e subretiniano. Foram colhidos dados demográficos, relativos à melhor acuidade visual corrigida (MAVC) na escala ETDRS e as imagens do SD-OCT foram analisadas na baseline e aos 4 meses. As imagens do SD-OCT, no anel de 1,0 mm central, foram analisadas quanto à presença de: desorganização das camadas internas da retina (DRIL), disrupção da zona elipsoide (ZE) e da membrana limitante externa (MLE), presença e localização de focos hiperrefletivos intrarretinianos (HRF), líquido intra e subretinano e status da interface vítreo-retiniana.

RESULTADOS: Foram incluídos 61 olhos de 61 doentes, dos quais 29 (47,5%) apresentaram OVCR e 32 (52,5%) OVRR. Aos 4 meses o número médio de injeções intravítreas realizadas foi de 3,2±2,7 injeções. A MAVC melhorou de 32±27 letras ETDRS na baseline para 44±27 letras ETDRS aos 4 meses (p<0,001). A melhoria da MAVC foi idêntica em olhos com OVCR e OVRR (p = 0,680). Uma MAVC inferior na baseline correlacionou-se com um maior ganho de letras ETDRS ao fim de 4 meses (r = -0,45, p<0,001). A MAVC aos 4 meses foi significativamente mais baixa nos indivíduos que apresentavam na baseline presença de DRIL (39±27 vs 64±17 ETDRS letras, p=0,006), disrupção da ZE (40±26 vs 64±21 letras ETDRS, p=0,016) e da MLE (40±2 vs 64±20 6 letras ETDRS, p=0,016). Os pacientes que apresentavam DRIL na baseline têm em média menos 25,2 letras na MACV ao fim de 4 meses (Intervalo de confiança [IC] 95%, 8,1 – 42,3; p=0,004). Do mesmo modo, a disrupção da ZE e da MLE predizem uma diminuição de 24,5 letras na AV final (EZ IC 95%, 5,6 – 43,5; p=0,010; MLE IC 95%, 5,6 – 43,5; p=0,010). Vinte e três (37,7%) doentes apresentaram resolução completa do EM aos 4 meses. O número de olhos com resolução de EM foi semelhante entre aqueles com OVCR e OVRR (p = 0,590). Nenhum dos fatores clínicos ou morfológicos analisados na baseline foram preditivos de resolução do EM. No entanto, ausência de DRIL (p = 0,003), presença de HRF nas camadas internas da retina (p <0,001) e integridade da ZE (p = 0,03) e MLE (p = 0,004) foram significativamente mais frequentes entre aqueles com resolução do EM.

CONCLUSÃO: O tratamento do EM secundário a OVCR e OVRR com injeções intravítreas de bevacizumab traduziu-se em ganho anatómico e funcional significativo. No nosso estudo, doentes com DRIL e disrupção da ZE e MLE na baseline apresentaram uma MAVC inferior no follow-up. A identificação de biomarcadores que antecipem a resposta do EM ao tratamento com anti-VEGF ajudará a programar o tratamento destes doentes e, adicionalmente, permitirá a estratificação e o estabelecimento do prognóstico da doença.

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Madeira, C., Moleiro, A., Godinho, G., Penas, S. ., Pedrosa, C., Falcão, M., Brandão, E., Falcão-Reis, F., & Beato, J. (2022). Preditores Morfológicos de Resposta ao Bevacizumab Intravítreo para Tratamento do Edema Macular Secundário a Oclusão Venosa da Retina. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 46(2), 85–93. https://doi.org/10.48560/rspo.22578

Edição

Secção

Artigos Originais