Crosslinking Guiado pela Topografia para Tratamento do Queratocone: Será Suficiente Tratar o Cone?

Autores

  • Telmo Cortinhal Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-9016-9031
  • João Gil Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal; Clinical Academic Center of Coimbra (CACC), Coimbra, Portugal; Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), Coimbra, Portugal
  • Andreia Rosa Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal; Clinical Academic Center of Coimbra (CACC), Coimbra, Portugal; Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0001-6608-3353
  • Maria João Quadrado Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal; Clinical Academic Center of Coimbra (CACC), Coimbra, Portugal; Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), Coimbra, Portugal
  • Joaquim Murta Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal; Clinical Academic Center of Coimbra (CACC), Coimbra, Portugal; Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.28285

Palavras-chave:

Avaliação do Resultado no Doente, Crosslinking Corneano, Queratocone, Reagentes de Ligações Cruzadas, Topografia Corneana

Resumo

INTRODUÇÃO: O objetivo deste estudo é avaliar os resultados refrativos e topográficos durante o primeiro ano após a realização de crosslinking guiado pela topografia corneana (CXL-TG) no queratocone.
MÉTODOS: Estudo retrospetivo. Foram incluídos pacientes com queratocone em progressão, submetidos a CXL-TG: O epitélio foi removido por queratectomia fototerapêutica, com ablação de 50 µm e zona ótica de 7,0 mm, seguido de aplicação de riboflavina a cada 2 minutos por um período de 10 minutos e irradiação topo-guiada com luz ultravioleta A (energias entre 10 e 5,4 J/cm2, fluência de 10 mw/cm2). Foram colhidos dados relativos ao baseline, 3, 6 e 12 meses pós-operatório. Os parâmetros avaliados foram a queratometria máxima (Kmax), o valor médio da queratometria anterior em 5 pontos de um círculo centrado na pupila com 3 mm de diâmetro, medidos na metade superior (S index) e inferior (I index) da córnea, espessura central da córnea, refração subjetiva e melhor acuidade visual corrigida (MAVC).
RESULTADOS: Foram incluídos 27 olhos de 24 doentes. Verificou-se uma redução significativa do Kmax aos 6 meses (-0,92 ± 1,58 D; p=0,011) e 1 ano (-0,83 ± 1,64 D; p=0,016) pós-operatório. O I index foi também reduzido aos 6 (-0,81 ± 1,10 D; p=0,002) e 12 meses (-0,83 ± 1,11 D; p=0,001), enquanto o S index aumentou aos 6 (0,93 ± 1,70 D; p=0,016) e 12 meses (0,81 ± 1,42 D; p=0,008). Entre os 6 e 12 meses não se verificaram diferenças significativas no Kmax (0,16 ± 0,99 D; p=0,457), I index (-0,004 ± 0,60 D; p=0,978) e S index (-0,04 ± 0,99 D; p=0,864). A MAVC melhorou após 1 ano (diferença de -0,13 ± 0,14 logMAR para o baseline; p<0,001), havendo também um aumento da miopia em 1 ano (diferença de -1,05 ± 2,08 D para o baseline; p=0,017).
CONCLUSÃO: O CXL-TG leva a redução do Kmax e aumento da curvatura anterior da metade superior da córnea, após 1 ano. As alterações queratométricas atingem a estabilidade aos 6 meses. Verificou-se melhoria da MAVC e aumento da miopia no primeiro ano pós-operatório. Os nossos resultados sugerem que o CXL-TG é um procedimento promissor no tratamento de queratocone em progressão.

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Publicado

2024-03-24

Como Citar

Cortinhal, T., Gil, J., Rosa, A., Quadrado, M. J., & Murta, J. (2024). Crosslinking Guiado pela Topografia para Tratamento do Queratocone: Será Suficiente Tratar o Cone?. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 48(1), 23–28. https://doi.org/10.48560/rspo.28285

Edição

Secção

Artigos Originais