Programa de Monitorização Não-Presencial de Glaucoma: Desenvolvimento e Implementação num Hospital Público Português

Autores

  • Catarina Cunha Ferreira Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal https://orcid.org/0000-0002-4356-9112
  • Joana Silva Fernandes Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal https://orcid.org/0000-0002-0373-9535
  • Pedro Martins Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal https://orcid.org/0000-0002-4872-9058
  • Eduardo Saraiva Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal
  • Joaquim Sequeira Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal
  • Dália Meira Ophthalmology Department, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8498-0621

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.28286

Palavras-chave:

Ambulatório Hospitalar/organização & administração, Consulta Remota, Encaminhamento e Consulta, Glaucoma

Resumo

INTRODUÇÃO: A consulta não-presencial é um modelo de prestação de cuidados de saúde recentemente proposto para a monitorização clínica de doentes com glaucoma. O objetivo deste modelo de consulta é melhorar a experiência do doente e a capacidade de resposta dos serviços de saúde. O presente estudo teve como objetivo descrever os resultados da implementação de um novo programa de consulta não-presencial de monitorização de glaucoma.
MÉTODOS: Estudo prospetivo de avaliação de um programa de consulta não-presencial para monitorização assíncrona de doentes com o diagnóstico de glaucoma em seguimento regular no Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Portugal. Doentes com doença controlada e com baixo risco de progressão foram considerados elegíveis para participar no programa. Os parâmetros avaliados incluíram a capacidade de implementação e viabilidade do referido programa, a melhoria dos tempos de permanência do doente no hospital e a experiência pessoal do doente.
RESULTADOS: No primeiro ano de funcionamento, 177 doentes frequentaram o programa de consulta não-presencial de monitorização de glaucoma. Os diagnósticos mais prevalentes foram glaucoma primário de ângulo aberto (50,3%) e hipertensão ocular (26,0%). O tempo de permanência no hospital foi reduzido em 37,8% quando comparado com a consulta presencial (56 minutos vs 90 minutos, respetivamente, p<0,001). A maioria dos doentes (88,7%) observados em consulta não-presencial manteve consultas de seguimento regulares, de acordo com intervalos de monitorização adequados. Vinte doentes foram referenciados para uma consulta presencial antecipada. A avaliação da experiência dos doentes demonstrou uma elevada satisfação com o novo programa de consulta não-presencial. A relação médico-doente, a experiência prévia no hospital, o nível de conhecimento relativo à doença e o grau de informação sobre a consulta não-presencial foram fatores importantes para a aceitação do programa. Maior eficiência e menor tempo de espera foram realçados como pontos fortes da consulta não-presencial.
CONCLUSÃO: A consulta não-presencial de glaucoma é um modelo seguro e eficiente para a monitorização de doentes com glaucoma. No presente estudo, demonstrámos a viabilidade de implementação deste programa no nosso serviço de Oftalmologia, com uma redução do tempo de permanência do doente no hospital, uma frequência baixa de referenciação para consulta presencial antecipada e uma elevada satisfação por parte dos doentes que frequentam este modelo de consulta.

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Publicado

2024-03-24

Como Citar

Cunha Ferreira, C., Silva Fernandes, J., Martins, P., Saraiva, E., Sequeira, J., & Meira, D. (2024). Programa de Monitorização Não-Presencial de Glaucoma: Desenvolvimento e Implementação num Hospital Público Português. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 48(1), 7–15. https://doi.org/10.48560/rspo.28286

Edição

Secção

Artigos Originais