O Papel da Biomecânica Corneana como Preditor de Membranas Neovasculares Coroideias em Olhos Míopes

Resumo

INTRODUÇÃO: A maculopatia miópica na forma de neovascularização coroideia (mCNV) pode apresentar um impacto significativo na função visual, frequentemente em pacientes jovens ativos. O presente trabalho teve como objetivo descrever a biomecânica corneana em olhos míopes com histórico de mCNV tratados com anti-fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) intravítreo e compará-la com os olhos contralaterais. Os objetivos secundários foram analisar subgrupos dentro do grupo de olhos com mCNV e abordar preditores de doença e resposta ao tratamento.
MÉTODOS: Estudo observacional unicêntrico, transversal, caso-controlo, incluindo indivíduos acima de 18 anos com miopia e história de mCNV unilateral tratada com anti-VEGF intravítreo, no Centro Hospitalar e Universitário do Porto. As informações relacionadas com o tratamento foram adquiridas através dos processos clínicos dos pacientes. Foi realizado um questionário incluindo dados pessoais demográficos, biométricos e relacionados ao estilo de vida. A avaliação biomecânica obteve-se através da tecnologia de câmara de Scheimpflug, por meio do Corvis ST® (OCULUS). Os parâmetros biométricos oculares foram adquiridos pelo biómetro Anterion® (Heidelberg). As avaliações anatómicas maculares foram realizadas por meio da plataforma OCT Spectralis® (Heidelberg).
RESULTADOS: Foram incluídos 64 olhos de 32 pacientes, 87,5% do sexo feminino, com média de idade de 62,5+-13,3 anos. Foi encontrada uma tendência para um menor HC-time em olhos com mCNV. Olhos com buracos na membrana de Bruch macular (MBMH) apresentaram valores mais elevados de WEM time max e TBI e pertenciam a indivíduos com mais atividade física e maior exposição à luz UV. Vários parâmetros biomecânicos correlacionaram-se com os hábitos de vida. O diâmetro da membrana foi moderada a fortemente correlacionado com um comportamento biomecânico menos rígido, enquanto o número de injeções de anti-VEGF intravítreo se associou sem um padrão consistente. Um modelo biomecânico puro foi construído para prever a presença de MBMH, incluindo o WEM time max e TBI, com AUROC de 0,808 e sem influência de AL ou da pressão ocular.
CONCLUSÃO: Segundo conhecimento dos autores, este é o primeiro estudo avaliando a biomecânica ocular in vivo em olhos com mCNV. A biomecânica mostrou resultados promissores como preditor de mCNV, mais especificamente de MBMH. Parece estar associado a fatores de estilo de vida e estudos futuros devem ser realizados para confirmar nossos achados, abrindo caminho para a introdução de um paradigma dinâmico na avaliação de risco de mCNV de olhos míopes.