Avaliação dos Mediadores Inflamatórios no Filme Lacrimal Antes e Depois do Cross-Linking Corneano
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.33242Palavras-chave:
Citocinas, Cross-Linking da Córnea, Inflamação, QueratoconeResumo
INTRODUÇÃO: A patofisiologia do queratocone não está totalmente esclarecida. Um potencial fator de risco é o microambiente inflamatório na superfície corneana, traduzido por níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias no filme lacrimal. O cross-linking corneano é um tratamento estabelecido para desacelerar ou interromper a progressão da doença. Apesar do cross-linking ter demonstrado resultados promissores, existe variabilidade nos outcomes entre os doentes. A nossa hipótese é que os resultados pós-operatórios favoráveis podem estar relacionados com as citocinas pró-inflamatórias no filme lacrimal. Este estudo visa explorar a relação entre as citocinas pró-inflamatórias no filme lacrimal e os outcomes do cross-linking.MÉTODOS: Dados tomográficos corneanos, melhor acuidade visual corrigida e dados clínicos dos participantes foram colhidos. Foram colhidas duas amostras do filme lacrimal dos doentes submetidos a cross-linking e de controlos saudáveis. As amostras foram colhidas antes do procedimento e seis meses depois do cross-linking, usando tiras de Schirmer. A análise das citocinas nas amostras foi realizada com recurso ao painel Th1/Th2/Th9/Th17 Cytokine 18-Plex Human ProcartaPlex™.
RESULTADOS: Recrutamos 35 doentes para o grupo de tratamento (57% mulheres; idade média: 27,61±8,94 anos) e 19 para o grupo de controlo (47% mulheres; idade média: 24,13±7,18 anos). Após o cross-linking, foram observadas melhorias significativas na acuidade visual (p<0.0001) e em índices tomográficos como o Kmax (p=0,0417). O conteúdo médio total de proteínas no pré-operatório foi de 1,54±0,46 µg/µL10 para o grupo de tratamento e 1,48±0,27 µg/µL10 para o grupo de controlo. Seis meses após o procedimento, estes números foram de 1,40±0,428 µg/µL10 e 1,90±0,45 µg/µL10 para os grupos de tratamento e controlo, respetivamente. Observamos uma tendência para maiores níveis de citocinas pró-inflamatórias no grupo de tratamento pré-operatório comparativamente aos controlos e aos resultados após cross-linking. No entanto, a diferença média não foi estatisticamente significativa.
CONCLUSÃO: O estudo sugere que os doentes com queratocone poderão ter níveis mais elevados de citocinas pró-inflamatórias. No entanto, não foi possível confirmar a hipótese de que o tratamento com cross-linking reduz os níveis de citocinas pró-inflamatórias. Serão necessários estudos com amostras mais robustas para compreender a influência das citocinas pró-inflamatórias no queratocone e nos resultados cirúrgicos do cross-linking.
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