Cirurgia de Estrabismo para Corrigir Posição Anómala Cabeça: 7 Anos de Experiência num Hospital Terciário

Autores

  • Joana Santos Oliveira Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Renato Santos Silva Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Paulo Freitas-Costa Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Fernando Falcão-Reis Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
  • Jorge Breda Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal
  • Augusto Magalhães Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.25975

Palavras-chave:

Cabeça, Estrabismo/cirurgia, Nistagmo Congénito, Perturbações da Motilidade Ocular, Postura, Síndrome da Retração Ocular, Torcicolo

Resumo

INTRODUÇÃO: Tradicionalmente, a cirurgia de estrabismo é realizada com o objetivo de realinhar os eixos visuais de forma a eliminar a diplopia, melhorar a visão binocular ou melhorar a apresentação estética. Atualmente, a cirurgia pode ser também realizada para melhorar a posição anómala da cabeça (PAC). A PAC é um sinal frequentemente encontrado na prática clínica em Oftalmologia, especialmente em crianças. O presente estudo tem como objetivo caracterizar o grupo de doentes de um hospital terciário que foram submetidos a cirurgia por PAC causada por uma condição oftalmológica, bem como apresentar os resultados cirúrgicos encontrados.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram retrospetivamente estudados os dados clínicos dos dOentes que foram submetidos a cirurgia para corrigir a PAC no departamento de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de São João entre Julho 2014 a Julho 2021. Foi realizado exame oftalmológico antes e após a cirurgia. A caracterização da PAC foi feita de forma subjetiva.

RESULTADOS: No total foram estudados 24 doentes – 8 (33,3%) do sexo feminino e 16 (66,6%) do sexo masculino. A idade média foi de 13,7 anos (entre 3-61 anos). Foram identificados 7 doentes com paralisia do obliquo superior, 7 doentes com síndrome de Duane (tipo 1), 6 doentes com nis- tagmo, 3 doentes com paralisia do terceiro par craniano e 1 doente com síndrome de Brown. Cabeça rodada foi a PAC mais frequente (14 doentes), seguido de cabeça inclinada (5 doentes). Quatro doentes apresentaram PAC mista (cabeça rodada e inclinada) e 1 doente apresentou PAC com mento elevado. Do total dos doentes, 95,8% melhoraram a sua PAC com o tratamento cirúrgico. Dezanove doentes foram submetidos a uma cirurgia e uma segunda cirurgia foi necessária em 5 doentes.

CONCLUSÃO: No geral, quase todos os doentes melhoram a sua PAC com o tratamento cirúrgico. No entanto, é necessário salientar que por vezes é necessário mais do que uma cirurgia para obter o melhor resultado cirúrgico.

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Santos Oliveira, J., Santos Silva, R., Freitas-Costa, P., Falcão-Reis, F., Breda , J., & Magalhães, A. (2022). Cirurgia de Estrabismo para Corrigir Posição Anómala Cabeça: 7 Anos de Experiência num Hospital Terciário. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 46(2), 114–119. https://doi.org/10.48560/rspo.25975

Edição

Secção

Artigos Originais