Eficácia a Longo Prazo da Injeção de Toxina Botulínica no Tratamento da Esotropia Infantil: Resultados e Fatores Preditivos de Sucesso

Autores

  • Maria Vivas Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal https://orcid.org/0000-0003-0116-7251
  • Tomás Costa Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal
  • Catarina Monteiro Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal
  • Júlio Almeida Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal
  • Sara Pinto Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal
  • Maria João Santos Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal
  • Isabel Prieto Ophthalmology Department, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, Lisbon, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.33215

Palavras-chave:

Criança, Esotropia/tratamento farmacológico, Músculos Oculomotores, Toxinas Botulínicas Tipo A

Resumo

INTRODUÇÃO: A esotropia infantil (EI) é o esodesvio mais comum na infância. O objetivo do tratamento é alcançar microtropia e isoacuidade, favorecendo a cooperação binocular. Neste estudo pretende-se avaliar os resultados a longo prazo do tratamento com toxina botulínica (TB) e identificar fatores preditores de sucesso.
MÉTODOS: Avaliamos retrospetivamente os doentes com EI tratados com toxina botulínica como primeira linha entre 2017 e 2023 no nosso centro. Avaliaram-se os ângulos do desvio antes e após o procedimento, máxima acuidade visual corrigida (MAVC) para longe, funções binoculares e a necessidade de tratamento adicional. Definiu-se sucesso completo como a obtenção de um ângulo ≤10 DP; sucesso parcial como uma redução ≥50%, mas >10 DP; e as restantes, insucesso terapêutico.
RESULTADOS: Foram analisados 101 pacientes (idade média: 4,77 ± 3,54 anos) com ângulo de desvio pré-operatório médio: 30 ± 1,82 DP. Inicialmente, 58,4% tinham isoacuidade visual. Após o procedimento, verificou-se uma alteração média de desvio aos 3, 6, 12 meses e no último obtido de 24,74±11,89 DP (p-value<0,001); 19,18±12,01 DP (p-value<0,001); 16,04±14,79 DP (p-value<0,001) e 15,67±12,70 DP (p-value<0,001), respectivamente. A microtropia foi alcançada aos 3, 6, 12 meses e na última avaliação em 73,3%, 45,5%, 24,8% e 25,6%, do casos, respetivamente. No final, 64,4% tinham isoacuidade e 28% cooperação binocular. 24 crianças (23,8%) receberam segunda injeção e 19 (18,9%) precisaram de cirurgia. A obtenção de microtropia precocemente aumentou de forma significativa o tempo necessário para uma nova injeção de TB (p-value=0,005), bem como a necessidade de cirurgia secundária (p-value=0,002). Simultaneamente, verificou-se que o tratamento precoce influenciou significativamente a última MAVC obtida (p-value=0,042) e a cooperação binocular (p-value=0,023), mas não o grau de microtropia (p-value=0,588).
CONCLUSÃO: De acordo com a literatura existente, este parece ser até à data o maior estudo europeu no que diz respeito especificamente à eficácia a longo prazo da EI após a injeção de TB. Verificou-se sucesso completo na maioria dos casos, e uma evolução positiva na cooperação binocular e isoacuidade ao longo do tempo. Estes resultados continuam a enaltecer o papel da injeção de TB como terapêutica primária, potencialmente adiando a cirurgia.

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Publicado

2024-11-24

Como Citar

Vivas, M., Costa, T., Monteiro, C., Almeida, J., Pinto, S., Santos, M. J., & Prieto, I. (2024). Eficácia a Longo Prazo da Injeção de Toxina Botulínica no Tratamento da Esotropia Infantil: Resultados e Fatores Preditivos de Sucesso. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia. https://doi.org/10.48560/rspo.33215

Edição

Secção

Artigos Originais