Consulta de Psicoimunologia – Um Estudo sobre Comorbilidade
DOI:
https://doi.org/10.25752/psi.8491Palavras-chave:
Adaptação/psicológica, Cérebro/imunologia, Humanos, Infeções VIH/imunologia, Infeções VIH/psicologia, Perturbações mentais, Progressão da doença, Psicologia, Psiquiatria, Psiconeuroimunologia, Seropositividade VIH/imunologia, SIDA.Resumo
Introdução: Os doentes VIH-positivos notificados apresentam taxas de prevalência superiores à população geral para a maioria das perturbações mentais, com valores atingindo os 30 a 60%.Objetivos: Caracterizar a população que é referenciada à consulta de Psiquiatria-Psicoimunologia; explorar a possível relação entre o diagnóstico psiquiátrico e as restantes variáveis em estudo; assim como a possível associação do tratamento antirretrovírico e da coinfeção pelo VHC com variáveis sociodemográficas e clínicas.
Métodos: Selecionámos os doentes VIH-positivos referenciados pela primeira vez à consulta de Psiquiatria-Psicoimunologia, entre janeiro de 2012 e julho de 2015. A informação necessária acerca dos mesmos foi recolhida através do processo clínico em suporte informático. A análise estatística foi efetuada utilizando o programa de análise estatística Statistical Package for Social Sciences ©, versão 20.
Resultados: A amostra continha 209 doentes, com uma mediana de idades de 43 anos, maioritariamente homens, com quatro anos de escolaridade, solteiros, profissionalmente inativos, infetados via comportamento heterossexual. Porém, verificámos diferenças estatisticamente significativas entre sexos para as últimas três variáveis. A maior parte encontrava-se sob tratamento antirretrovírico, sem diferenças significativas entre sexos. Na primeira consulta, 29,0% e 30,1% apresentavam, respetivamente, consumo de substâncias e coinfeção pelo VHC, com predomínio significativo nos homens. Mais de metade tinha antecedentes psiquiátricos, e os sintomas depressivos e a perturbação de adaptação à doença constituíram, respetivamente, o motivo de referenciação e o diagnóstico psiquiátrico mais frequente, em ambos os sexos. A coinfecção pelo VHC correlacionou-se de forma estatisticamente significativa com as variáveis sexo, situação ocupacional, via de transmissão da infeção, história psiquiátrica e consumo de álcool e/ou drogas ilícitas. O mesmo aconteceu entre o diagnóstico psiquiátrico e as variáveis tempo de notificação da infeção, consumo de álcool e/ou drogas e coinfeção pelo VHC.
Conclusões: Ao longo do curso da infeção, estes doentes deparam-se frequentemente com múltiplos stressores que podem torná-los mais vulneráveis ao adoecimento psíquico. A disponibilidade de uma assistência psiquiátrica eficaz revela-se, portanto, crucial, sendo necessário aumento de investigação futura nesta área.
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