Consulta de Psicoimunologia – Um Estudo sobre Comorbilidade

Autores

  • Mariana Marinho Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de São João
  • João Marques Serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde de Matosinhos
  • Manuel Esteves Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de São João. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • António Roma-Torres Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de São João
  • Miguel Bragança Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de São João. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

DOI:

https://doi.org/10.25752/psi.8491

Palavras-chave:

Adaptação/psicológica, Cérebro/imunologia, Humanos, Infeções VIH/imunologia, Infeções VIH/psicologia, Perturbações mentais, Progressão da doença, Psicologia, Psiquiatria, Psiconeuroimunologia, Seropositividade VIH/imunologia, SIDA.

Resumo

Introdução: Os doentes VIH-positivos notificados apresentam taxas de prevalência superiores à população geral para a maioria das perturbações mentais, com valores atingindo os 30 a 60%.

Objetivos:  Caracterizar  a  população  que  é referenciada à consulta de Psiquiatria-Psicoimunologia; explorar a possível relação entre o diagnóstico psiquiátrico e as restantes variáveis em estudo; assim como a possível associação do tratamento antirretrovírico e da coinfeção pelo VHC com variáveis sociodemográficas e clínicas.

Métodos: Selecionámos os doentes VIH-positivos referenciados pela primeira vez à consulta de Psiquiatria-Psicoimunologia, entre janeiro de 2012 e julho de 2015. A informação necessária acerca dos mesmos foi recolhida através do processo clínico em suporte informático. A  análise  estatística  foi  efetuada  utilizando o  programa  de  análise  estatística  Statistical Package for Social Sciences ©, versão 20.

Resultados: A amostra continha 209 doentes, com uma mediana de idades de 43 anos, maioritariamente homens, com quatro anos de  escolaridade,  solteiros,  profissionalmente inativos, infetados  via  comportamento  heterossexual. Porém, verificámos  diferenças  estatisticamente significativas entre sexos para as últimas três variáveis. A maior parte encontrava-se  sob  tratamento  antirretrovírico, sem diferenças significativas entre sexos. Na primeira consulta, 29,0% e 30,1% apresentavam, respetivamente, consumo de substâncias e coinfeção pelo VHC, com predomínio significativo nos homens. Mais de metade tinha antecedentes psiquiátricos, e os sintomas depressivos e a perturbação de adaptação à doença constituíram, respetivamente, o motivo de referenciação e o diagnóstico psiquiátrico mais frequente, em ambos os sexos. A  coinfecção  pelo  VHC  correlacionou-se  de forma  estatisticamente  significativa  com  as variáveis  sexo,  situação  ocupacional,  via  de transmissão da infeção, história psiquiátrica e consumo de álcool e/ou drogas ilícitas. O mesmo aconteceu entre o diagnóstico psiquiátrico e as variáveis tempo de notificação da infeção, consumo de álcool e/ou drogas e coinfeção pelo VHC.

Conclusões:  Ao  longo  do  curso  da  infeção, estes   doentes deparam-se   frequentemente com múltiplos stressores que podem torná-los mais vulneráveis ao adoecimento psíquico. A disponibilidade  de  uma  assistência  psiquiátrica eficaz revela-se, portanto, crucial, sendo necessário   aumento de investigação futura nesta área.

Downloads

Publicado

2017-03-15

Edição

Secção

Artigos Originais