Bioecologia e estragos da monosteira, Monosteira unicostata (Mulsant & Rey, 1852), em amendoais de Trás-os-Montes

Autores

  • Vanessa da Assunção Fernandes Martins Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança
  • Isabel Rodrigues
  • José Alberto Pereira
  • Albino Bento

DOI:

https://doi.org/10.19084/rca.19664

Resumo

A amendoeira é um elemento característico da paisagem em algumas regiões de Portugal como Trás-os-Montes onde a espécie tem grande importância económica. Nesta região concentra-se a maior área plantada do País, com 19800 ha (58% da área nacional) e 80% da produção de amêndoa em casca (16200 ton), em 2018.

A monosteira, Monosteira unicostata (Mulsant & Rey, 1852) (Heteroptera: Tingidae), é considerada a praga mais importante no amendoal tradicional e intensivo. Este inseto hiberna como adulto em locais abrigados e na Primavera, alimenta-se das folhas, desenvolvendo 2 a 4 gerações dependendo das condições ecológicas da região/ano/pomar. Os estragos ocasionados podem ser diretos e resultam da picada nas folhas provocando o esvaziamento celular e descoloração, e indiretos pela deposição de excreções do inseto na página inferior da folha. Ambos os processos reduzem e dificultam a fotossíntese e as trocas gasosas, resultando num precoce envelhecimento e queda da folha e consequentemente redução da produção. O conhecimento da bioecologia da praga e a correta estimativa do risco são fundamentais para uma tomada de decisão fitossanitária consciente. Neste sentido, os objetivos deste trabalho foram monitorizar os diferentes estados de desenvolvimento de M. unicostata num amendoal de Trás-os-Montes e avaliar os estragos. Para o efeito, entre abril e setembro em 2018 e 2019, num amendoal de Alfandega da Fé, semanalmente procedeu-se à colheita de 20 folhas em cada uma de 20 árvores, que foram observadas à lupa binocular para registo do número de posturas, ninfas e adultos de M. unicostata bem como dos estragos visíveis nas folhas. Paralelamente, também com periodicidade semanal, realizou-se a técnica das pancadas. As ninfas foram observadas a partir de final de junho, com um máximo de 0,62±1,35 ninfas/amostragem em 2018 e 0,39±1,46 ninfas/amostragem em 2019. Quanto aos adultos, observou-se o máximo em meados de agosto com 0,07±0,38 adulto/amostragem em 2018 e 0,04±0,20 adultos/amostragem em 2019. Os resultados obtidos na técnica das pancadas confirmam os observados nas folhas, com registo de ninfas e adultos entre meados de maio e setembro. Os níveis populacionais mais elevados registaram-se entre agosto e setembro, com aproximadamente 8 exemplares/amostra. A percentagem de folhas com estragos ocasionados pela monosteira aumentou ao longo do ano, ultrapassando os 70% para ambos os anos.

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Publicado

2021-02-12