UM COMPORTAMENTO, MÚLTIPLAS FUNÇÕES

A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Autores

Palavras-chave:

Comportamentos autolesivos, Adolescência, Afiliação grupal.

Resumo

Os comportamentos autolesivos (CAL) têm sido um motivo crescente de ida ao
Serviço de Urgência e de pedido de consulta de Pedopsiquiatria. É sabido que a
sua prevalência tem aumentado nos últimos dez anos. Existem modelos que
procuram explicar as funções dos CAL na adolescência, contextualizando-os na
atualidade e nas problemáticas que hoje dominam a vida dos adolescentes. Este
trabalho tem como objetivo a apresentação e análise de um modelo explicativo das
funções dos comportamentos autolesivos na adolescência (Jill M. Hooley, 2017),
com foco na sua função unificadora de grupo e como elemento de identidade
grupal. Tomando como ponto de partida uma vinheta clínica de um adolescente de
15 anos, referenciado à consulta de psiquiatria da adolescência por um quadro
clínico de tristeza, episódios de CAL e verbalização de ideias de morte, procedeu-se a uma revisão bibliográfica sobre os CAL na adolescência, com particular enfoque na sua contribuição para a afiliação grupal. Estudos sobre as motivações subjacentes a surtos de CAL em escolas demonstraram que alguns adolescentes iniciam estes comportamentos para afirmar ou aumentar a sua ligação a um grupo de pares. A vinheta clínica descrita enquadra-se nesta realidade. O jovem em análise, na procura de uma autoimagem positiva, idêntica à do grupo ao qual se tinha recentemente aproximado, iniciou comportamentos autodestrutivos que passavam pelo consumo de substâncias, cortes nos antebraços e simulações de asfixia. Foi importante, no acompanhamento terapêutico do adolescente, identificar o percurso que culminou nos comportamentos autolesivos e reforçar a sua identidade própria, distinta da dos pares.

Downloads

Publicado

2021-05-10

Edição

Secção

Artigos