A mesma fórmula, números diferentes: mudança e persistência nas desigualdades de classe

Resumo

Muitos teóricos sociais contemporâneos têm defendido que as mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas aniquilaram a influência das classes nas histórias de vida, nas identidades e na política, colocando no seu lugar a escolha reflexiva e o individualismo. Este artigo apresenta uma síntese dos resultados de um projecto de investigação recentemente realizado no Reino Unido com o objectivo de testar essas teses. Partindo de um modelo de classes “fenomenológico-bourdieusiano”, e recorrendo a entrevistas de história de vida, a pesquisa revela não o declínio das classes mas a sua reinvenção no capitalismo avançado. Têm vindo a surgir novas práticas e novos percursos, mas tal representa apenas a mudança da substância das classes — enquanto a estrutura subjacente das diferenças relacionais que define as classes e produz diferentes manifestações permanece tão patente como dantes.