Os primórdios do termalismo: os balneários castrejos e o seu potencial turistico

Autores

  • Maria de Fátima Matos da Silva Universidade Portucalense

DOI:

https://doi.org/10.57883/thij9(2)2017.30432

Palavras-chave:

balneários castrejos, pedras formosas, simbolismo, potencial turístico

Resumo

Contextualizamos em breve referência a evolução cronológica da cultura castreja da Idade do Ferro, do noroeste peninsular, bem como a dos balneários-sauna. Estes são monumentos com forno, do tipo construção hipogeia, com uma arquitetura original, complexa e, apesar de possuírem alguma uniformidade construtiva, apresentam uma variedade arquitetónica significativa, associada provavelmente a diversos modelos termais. São conhecidos cerca de três dezenas, distribuídos por uma área geográfica que abrange o norte da Galiza e Astúrias e que se prolonga até à margem sul do rio Douro.

A arquitetura complexa destes monumentos organiza-se estruturalmente de forma a possibilitar banhos de água fria e banhos de tipo sauna, efetuados através da produção do vapor, sendo compostos por um átrio e uma antecâmara, ao ar livre e uma câmara e uma fornalha hipogeia, ambas cobertas. As duas áreas são divididas por uma estela tectiforme, monolítica, normalmente ornamentada, que separa uma zona da outra permitindo a entrada por uma pequena abertura em semicírculo – a pedra formosa.

A sua funcionalidade gerou, ao longo dos tempos, diversas publicações fruto da grande diversidade interpretativa, sendo a função balnear a mais consensual. Contudo, o papel simbólico que teriam no seio da sociedade da Idade do Ferro permanece envolto em grande misticismo, associado ao culto das águas e à sacralidade do banho purificador medicinal potenciando ainda diversa investigação. Estes monumentos, sem dúvida, os mais antigos balneários desta área geográfica, percursores do termalismo actual, possuem, um grande potencial turístico que urge desenvolver pelo que sugerimos a criação de um roteiro turístico-cultural.

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Publicado

2023-06-12

Como Citar

Matos da Silva, M. de F. . (2023). Os primórdios do termalismo: os balneários castrejos e o seu potencial turistico. Tourism and Hospitality International Journal, 9(2), 4–28. https://doi.org/10.57883/thij9(2)2017.30432