Herança colonial e tensão ideológica: O legado colonial na paisagem urbana da cidade do Porto

Resumo

Este artigo examina criticamente a presença persistente de monumentos coloniais nos espaços urbanos contemporâneos, com foco no Monumento ao Esforço Colonial Português, no Porto. Originalmente erigida como parte da Primeira Exposição Colonial de 1934, a escultura servia como uma expressão material da ideologia imperial e da propaganda do Estado Novo. Hoje, permanece um artefacto altamente visível, mas em grande parte descontextualizado, no espaço público da cidade e nos itinerários turísticos. O artigo investiga a “pós-vida” simbólica do monumento, argumentando que a sua presença contínua, sem um enquadramento interpretativo, perpetua formas de violência cultural e histórica, reforçando narrativas hegemónicas enquanto silencia vozes alternativas. Com base na teoria pós-colonial, nos estudos de memória e nos debates sobre património, este estudo explora o potencial da re-significação como uma estratégia para um envolvimento crítico com monumentos controversos. Em vez de advogar pela remoção ou destruição, o artigo defende a contextualização e o diálogo como ferramentas para promover a responsabilização histórica. Neste contexto, o artigo considera o papel do turismo tanto como um risco quanto uma oportunidade na mediação da memória colonial. O artigo argumenta que o turismo, se devidamente orientado, pode funcionar como um instrumento pedagógico capaz de transformar a posição de espectador passivo num envolvimento ativo por parte dos turistas. Nesse sentido, monumentos como o Monumento ao Esforço Colonial Português oferecem não apenas uma visão sobre o passado imperial de Portugal, mas também uma plataforma através da qual a identidade pós-colonial do país pode ser negociada, desafiada e reimaginada na esfera pública.