MODELOS EAD E A COMUNICAÇÃO DIGITAL NO ENSINO SUPERIOR: LIVE-LEARNING COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO
DOI:
https://doi.org/10.25746/ruiips.v8.i4.21980Palavras-chave:
Comunicação, Consumo, Ensino Superioir, Ensino ao longo da vida, pandemiaResumo
Nos últimos anos, as transformações digitais têm provocado inúmeras mudanças no mercado consumidor, inclusive no setor da educação. Nomeadamente, o ensino superior tem sido constantemente desafiado a inovar em termos pedagógicos e mercadológicos para atender às necessidades dos alunos, consumidores imbuídos de comportamentos e preferências trazidas de outros contextos de consumo. Tais inovações se apresentam com o extensivo surgimento de plataformas digitais de ensino (Moodle, Canvas, TalentLMS e outras) e de diversos recursos comunicacionais (Zoom, VideoScribe, PowToon e outros), capazes de otimizar o modelo de comunicação das instituições de ensino. Desde as estratégias de marketing à elaboração de métodos de ensino e aprendizagem, as instituições de ensino têm utilizado mídias sociais digitais (Website, Instagram, Facebook, WhatsApp e outras) de forma massiva para se aproximar cada vez mais do aluno. Em razão da pandemia do novo coronavírus, entre os meses de fevereiro e março de 2020 foram decretados “estados de emergência” no Brasil e em Portugal. Desde então, foram impostas limitações de locomoção e convívio social, que acabaram por obrigar as instituições de ensino superior (IES) a interromper o ensino presencial tradicional. Em alguns casos, até os cursos ofertados em regime b-learning e e-learning foram afetados. Com isso, a pandemia de COVID-19 fez com que várias instituições de ensino acelerassem o processo de inserção de novas tecnologias da informação em seus modelos de negócio, para que pudessem atender seus alunos e, ao mesmo tempo, serem economicamente sustentáveis. Para manter a comunicação, foram utilizadas ferramentas de videoconferência e sistemas MOOC (Massive Open On-line Course), porém, vários professores relataram que a estrutura existente não era propícia para o ensino colaborativo (Rannastu-Avalos e Siiman, 2020). Nesse contexto, algumas IES estavam mais preparadas do que outras e, por isso, foram capazes de se adaptar com mais rapidez ao cenário de crise. Porém, o tempo de pandemia tem se prolongado e os consumidores da educação, dia após dia, estão mudando de comportamento, o que desperta a necessidade da criação de modelos contemporâneos que atendam às novas exigências. Espera-se que, quando reestabelecida a sociedade face à presente crise, o regime presencial possa ser oferecido como no passado, entretanto, após este período, sugere-se que muitos alunos podem não optar pelo ensino tradicional ou até mesmo b-learning, suscitando a necessidade da criação novos formatos de ensino. Bem se sabe que o e-learning pode ser uma alternativa apropriada para tal necessidade, entretanto, o mercado da educação está habituado ao ensino à distância on demand, ou seja, assíncrono, em que alunos e professores não vivenciam juntos, em tempo real, a experiência de ensino-aprendizagem. Nesse formato, o comum são aulas pré-gravadas, conteúdos dispostos em ficheiros para download, suporte via e-mail, fóruns de discussão e avaliações aplicadas por intermediários. Embora esse formato satisfaça os anseios de muitos, a interação social é intrínseca ao ser humano e, por isso, vários alunos podem não se adaptar ao modelo e-learning “tradicional”. Para suprir esta necessidade de consumo, novos modelos estão surgindo, sobretudo, modelos síncronos e assíncronos com recursos tecnológicos que geram uma percepção de aprendizagem eficaz (Arbaugh, 2018). Um deles é o Live-Learning ou Live EaD, empregados por IES brasileiras como Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER) ou Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), ou como referido na literatura, Live-Streaming Service (Liu e Hung, 2020). Embora a denominação ainda seja imprecisa, o modelo é dotado de todos os recursos do e-learning e acrescidos da possibilidade de que os professores possam expor os conteúdos em direto por web conferência, com aulas realizadas em dias e horas marcadas e avaliações aplicadas pelos próprios professores das unidades curriculares. Ainda que as conferências em tempo real tenham se tornado um hábito durante a pandemia, há indícios de que poucas IES percebem este modelo como um novo formato de comercialização da sua oferta formativa, ou seja, como um novo canal numa estratégia omnichannel. Todo negócio omnichannel explora os pontos fortes dos canais on e off para adaptar às necessidades e características do cliente (Chopra, 2018). Neste cenário, pretende-se identificar as IES que adotaram Live-Learning, bem como analisar como os cursos são estruturados e comercializados, assim quais diferenciais e valor agregados são oferecidos aos consumidores, nesse contexto, os alunos. Para explorar as perspetivas e as relações entre as vertentes do objeto de estudo, pretende-se desenvolver uma investigação de metodologia qualitativa nas IES portuguesas e brasileiras que ofertam formações a nível de especialização, são estas as formações pós-graduadas que não conferem grau acadêmico. Espera-se desenvolver o estudo apoiado nos conteúdos dispostos nos websites institucionais das IES, que posteriormente podem ser analisados com o auxílio do software NVIVO, seguindo as técnicas de análise de conteúdo. A considerar os prejuízos e as dificuldades advindas da pandemia, acredita-se que esta investigação pode oferecer resultados capazes redimensionar, face a transformação digital, o modelo de negócio das instituições, para que estejam em sintonia com as novas formas de consumo. De forma adjacente, espera-se também contribuir com discussão do termo Live-Learning.
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